Um dos mais renomados chefs de cozinha do mundo, Alex Atala está se unindo a investidores para estampar a marca D.O.M. na fachada de um hotel de alto luxo nos Jardins, em São Paulo.
O cozinheiro se uniu à butique de investimentos TAG Advisors e à empresa de desenvolvimento imobiliário Inovalli para erguer um projeto de R$ 160 milhões na esquina da Alameda Franca com a Rua Augusta.
A meta é bater de frente com outras grifes que unem hospedagem e gastronomia, como Emiliano e Fasano.
“É um projeto com o qual eu sonhava muito e que achava que nunca fosse fazer na vida. As negociações começaram há quase quatro anos. Sem os parceiros que eu tenho hoje, dificilmente teria condições de colocá-lo em prática”, disse Atala, em entrevista ao Estado.
O hotel, que terá 35 andares – com 145 quartos e 22 apartamentos -, deverá ser inaugurado no segundo semestre de 2021. O empreendimento está em fase de aprovação na Prefeitura de São Paulo.
Os atuais acionistas estão na fase de captação de recursos e buscam outros investidores. “Já levantamos uma boa parte do capital, que foi já investido na compra do terreno e no projeto”, disse Fabio Metzger, sócio da TAG, sem dar mais detalhes financeiros.
A incorporadora Inovalli deverá contratar uma construtora para colocar o Hotel D.O.M. em pé, afirmou Rafael Consentino, sócio da companhia.
Empreendedor
Fundador do restaurante D.O.M., que figura na lista dos 50 melhores restaurantes do mundo, Atala desconversa sobre o processo de captação de recursos para seu projeto de hotel cinco estrelas.
“Não sou o cara de números. Trabalho mais por desafios do que por contar dinheiro. Faz parte do perfil empreendedor do Alex. No Dalva e Dito, por exemplo, se eu tivesse de fazer conta com ele, teria fechado no primeiro ou segundo ano.”
Segundo Atala, o Dalva e Dito hoje já opera no azul, mas ele não abre os números do grupo D.O.M., que também controla o restaurante Bio, de comida orgânica, e o Açougue Central, casa de carnes.
Disputa
No mercado de hotelaria paulistano, o chef vai concorrer com grifes já estabelecidas no setor, como Emiliano, Unique e Fasano.
Apesar de todas essas marcas serem associadas ao luxo, o consultor Diogo Canteras, da Hotel Invest, alerta que o mercado como um todo não vai bem.
“A hotelaria não tem mostrado números muito animadores. Em São Paulo, que recebe mais turistas de negócios, houve uma contração de 23% da demanda por causa da crise”, explica Canteras.
Segundo o consultor, nem para o mercado de luxo as perspectivas são muito animadoras – até esse segmento, frisa ele, está perto da saturação.
O Palácio Tangará abriu suas portas no ano passado, enquanto a rede americana Four Seasons está prestes a inaugurar uma unidade na cidade.
No entanto, caso o projeto de Atala venha como uma assinatura personalizada, Canteras afirma ver espaço para o empreendimento prosperar.
Grife
O plano de Atala para o Hotel D.O.M. é justamente oferecer uma “experiência” aos hóspedes. “Estamos pensando em tudo e vamos oferecer o que temos de melhor – desde como a pessoa chega a São Paulo, como se desloca, como vai dormir e comer. Diria que o diferencial será a ‘brasilidade’, que é a marca do meu trabalho.”
Transformar o projeto hoteleiro em rede ainda não faz parte dos planos do chef. “É preciso colocar o hotel em pé primeiro. É um empreendimento, outra maneira de pensar negócio. A diferença do bom e do mau empreendedor é aquele que sabe passar por momento ruim. No Dalva e Dito foi isso: passei por um mau momento, mas fiz um restaurante incrível.” As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.