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Alejandro Sanz lança disco, fala sobre Roberto Carlos e quer parceria com Anitta

Por João Paulo Carvalho, especial para o Estado
As primeiras notas de Corazón Partío, maior hit da carreira do cantor espanhol Alejandro Sanz, ainda causam o mesmo efeito no público. Seja em Madri, Buenos Aires, São Paulo, Nova York ou Barcelona, os acordes de sua canção mais icônica, lançada em 1997, têm um efeito catártico quase imediato. No Brasil, a música ficou conhecida por embalar o romance dos personagens Shirley (Karina Barum) e Adriano (Danton Mello) na novela Torre de Babel (1998), da TV Globo.

Em mais de três décadas de carreira, Alejandro coleciona números avassaladores. São mais de 20 milhões de discos vendidos em todo o mundo e 20 estatuetas do Grammy Latino. Um recorde para alguém que estava fadado ao rótulo de one hit wonder. Nos serviços de streaming, o madrilenho continua imbatível e lidera as listas de músicas mais ouvidas. Na Espanha, nenhum outro artista é tão bem-sucedido quanto ele.

No fim de abril, Alejandro lançou #ElDisco, seu 12º trabalho de estúdio. Uma obra heterogênea que mescla várias estilos. As parcerias com Camila Cabello (Mi Persona Favorita) e Nicky Jam (Back in the City) o recolocaram no topo das paradas depois de quatro anos sem um disco de inéditas – o último foi Sirope, em 2015. “O trunfo para o sucesso é que sua música seja verdadeira. Quando você escuta uma canção de Alejandro Sanz, tem de estar seguro de que aquilo foi feito por mim e com o meu coração”, diz ele em entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo

Sorridente, Alejandro deu uma pausa nos ensaios de sua nova turnê, que começa em junho na Espanha e depois segue para os Estados Unidos, para conversar com a reportagem. Vivendo entre Miami e Madri, o artista falou sobre música brasileira, o dueto com Roberto Carlos, a admiração por Anitta e a vida aos 50 anos, completados em dezembro do ano passado. “Penso que o coração está sempre pronto para ser quebrado e depois reconstruído. Isso se chama vida! Chegar aos 50 é uma coisa reveladora e, sobretudo, esclarecedora. É uma idade maravilhosa! Por isso, eu espero que este coração siga amando, se apaixonando e, por que não, sendo partido para fazer mais e mais músicas”, conta. Leia abaixo trechos da conversa com Alejandro Sanz.

Você teve pneumonia recentemente e suspendeu todas as atividades de divulgação de seu novo disco. Como se sente agora?

Estou muito bem. Tive um começo de pneumonia, mas agora me sinto mais forte do que nunca e com grande expectativa para começar a turnê. Essas pequenas doenças aparecem às vezes para fazer com que a gente descanse um pouco e diminua o ritmo de trabalho, que tem sido bem frenético. 

Recuperado para ir ao Brasil, portanto (risadas)?

Sempre estou pronto para ir ao Brasil, homem (risos)! Fui muitas vezes ao seu país. A última foi em dezembro. Tenho ótimas recordações. Quero voltar logo. Espero que consiga fazer alguma apresentação por lá nos próximos meses.

Seu novo disco tem parcerias com Camila Cabello (Mi Persona Favorita) e Nicky Jam (Back in the City). Como surgiu a ideia de trabalhar com eles? 

Trabalhar em conjunto é algo gratificante na música. Fico encantado em fazer parcerias assim. Na vida, o compartilhar é fundamental para continuar triunfando. Com Nicky, sobretudo, foi muito espontâneo. Nos conhecemos por intermédio de um amigo. Ele foi até a minha casa e gravamos a canção em pouco tempo. No caso de Camila Cabello, foi algo bonito. Ela sempre falou muito sobre mim em entrevistas. Dizia que era fã do meu trabalho e escutava minhas músicas desde criança. E então, de repente, a conheci. A Camila é um ser humano mágico e tem muita luz. É uma mulher incrível, com um talento raro e dona de um coração maravilhoso. Mi Persona Favorita reflete todo este cuidado, carinho e respeito que temos um pelo outro.

No Tengo Nada, primeiro single do novo disco, é muito tocante Ela resgata um Alejandro mais romântico?

Essa canção é muita profunda. Foi algo que veio do meu coração. Há muita verdade, honestidade e sabedoria ali. A letra fala que as únicas coisas verdadeiras são as que não podemos comprar: o amor, os momentos especiais ao lado de quem amamos. Muitas vezes, nos perdemos em adquirir bens. O que, de fato, nos conecta é o que não pode ser comprado nem na loja mais luxuosa do mundo.

#ElDisco é muito versátil musicalmente, não?

Gosto de produzir música sem rótulo. Já passei pelo flamenco, rock, pop e até folk. Sou consumidor assíduo de música clássica, por exemplo. O mais difícil é fazer com que tantos estilos diferentes tenham qualidade. O trunfo para o sucesso é que sua música seja verdadeira. Quando você escuta uma canção do Alejandro Sanz, tem de estar seguro de que aquilo foi feito por mim e com meu coração. Meu verdadeiro estilo musical é ser eclético. 

Você gravou a canção Esa Mujer com Roberto Carlos. Também cantaram juntos a música no especial de fim de ano do cantor, no Brasil, em 2018. O que achou da parceria? 

Roberto Carlos é um músico universal. Eu o escuto desde pequeno, mas não quero que ele fique nervoso comigo por chamá-lo de velho (risos). Ele é um exemplo por sua sensibilidade e maneira de escrever e cantar. Tem um estilo único e próprio, tanto que conseguiu se conectar com pessoas de países tão distintos. Em Miami, onde vivo, há muitas pessoas que escutam Roberto. Não só brasileiros, mas gente do mundo todo. Na Espanha, o Roberto sempre foi um artista muito ouvido. Foi uma honra gravar Esa Mujer com ele. Além disso, também a tocamos em seu especial de fim de ano na TV. O Roberto, para mim, é um dos maiores cantores de todos os tempos.

Além de Roberto Carlos, você também já cantou com Ivete Sangalo. Milton Nascimento gravou uma versão de Corazón Partío. O que pensa da música brasileira?

A música brasileira tem uma linguagem própria e é uma das mais ricas do mundo. Aprendi a apreciá-la com um amigo meu. De Milton Nascimento a outros cantores, há um respeito gigante por tudo que já foi produzido. A música brasileira está no mesmo nível do flamenco e outros estilos clássicos. Há ali uma maneira distinta de entender e fazer música com uma linguagem muito própria. A música brasileira é e seguirá sendo uma música escrita com iniciais maiúsculas. 

Pensa em fazer algum outro dueto com um artista brasileiro? Anitta, quem sabe?

Homem, sim! Quem não conhece a Anitta? Ela é muito simpática. Nos conhecemos em Miami e ela me escreveu quando me viu passar em uma lancha. Ela estava na casa de um amigo. Ela é linda e esse sucesso todo é justificável. Com toda certeza eu faria uma parceria com ela. Por que não? Ela é muito talentosa. Eu a adoro

Quantas vezes seu coração foi partido (risos)?

Muitíssimas vezes (gargalhadas)! Penso que o coração está sempre pronto para ser quebrado e depois reconstruído. Isso se chama vida! Chegar aos 50 anos é uma coisa reveladora e, sobretudo, esclarecedora. Você não precisa dar explicações sobre as coisas e não necessita estar com alguém que não quer estar. É uma idade maravilhosa! Por isso, eu espero que este coração siga amando, se apaixonando e, por que não, sendo partido para fazer mais e mais músicas (mais gargalhadas).

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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