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Alckmin é indiciado por suspeita de corrupção

Foto: Wilson Dias/Agência Brasil

O ex-governador de São Paulo Geraldo Alckmin foi indiciado pela Polícia Federal (PF) nesta quinta-feira, 16 de julho, pelos crimes de corrup­ção passiva, lavagem de di­nheiro e falsidade ideológica eleitoral. Além dele, foram in­diciados pelos mesmos crimes Marcos Antônio Monteiro, tesoureiro da campanha do tucano e também seu ex-se­cretário de Planejamento; e o advogado Sebastião Eduardo Alves de Castro.

O indiciamento é resultado de investigação da Operação Lava Jato, iniciada pela PF a par­tir das delações premiadas de executivos do Grupo Odebrecht. Além da colaboração premiada, foram realizadas diversas outras diligências, como prova pericial nos sistemas de informática do Grupo Odebrecht, análise de extratos telefônicos, obtenção de conversas por aplicativo Skype e ligações telefônicas, análise de documentos indicando a prática de cartel no Metrô de São Paulo e no Rodoanel.

Segundo a PF, houve ainda a oitiva de testemunhas e de outras pessoas também sob o regime da colaboração premia­da. Investigado, o cunhado de Alckmin, Adhemar Ribeiro, não foi indiciado porque a PF entendeu que os crimes a ele atribuídos já prescreveram. O relatório de indiciamento foi enviado ao Ministério Público Eleitoral, a quem caberá ofere­cer eventual denúncia contra o ex-governador e os outros dois citados na investigação.

As investigações foram aber­tas após a delação de três execu­tivos da Odebrecht, Benedicto Barbosa Junior, Carlos Arman­do Paschoal e Arnaldo Cum­plido à Procuradoria-Geral da República (PGR), em 2017, que acusaram repasses de R$ 10,3 milhões do setor de propinas da empreiteira às campanhas do tu­cano para o governo do Estado, em 2010 e em 2014. O cunhado de Alckmin, Adhemar César Ribeiro, teria recebido pessoal­mente parte desses valores.

Os delatores apresentaram planilhas que apontavam pa­gamentos de R$ 2 milhões em 2010 para o codinome “Belém”, em referência a Adhemar Ri­beiro, e R$ 8,3 milhões em 2014 para o codinome “M&M” – re­ferência de Marcos Monteiro, que teria sido o interlocutor de Alckmin para os repasses à cam­panha eleitoral.

A defesa do ex-governador emitiu nota dizendo que “é In­justificável e precipitado o indi­ciamento de Geraldo Alckmin, que, sobretudo, feriu um dos princípios basilares do Estado democrático de direito: o direi­to do contraditório e da ampla defesa. A ele foram negados o prévio conhecimento dos fatos que teriam ensejado a instaura­ção do inquérito, além do direi­to fundamental de se defender, assegurado pela Constituição a todo cidadão brasileiro.

O ex-governador sequer foi chamado a prestar esclareci­mentos que poderiam ter evita­do o seu indevido e imerecido indiciamento. Por meio desta nota, além de expressar a sua indignação e reiterar o seu com­promisso com os princípios de seriedade, transparência, pro­bidade e modéstia pessoal com que sempre procurou atuar na vida pública, confirma a sua confiança na verdade, que have­rá de prevalecer”.

A defesa de Marcos Mon­teiro diz que “apesar de não ter tido acesso a conclusão policial e nem ter sido ouvido, a defesa de Marcos Monteiro lamenta a divulgação pública de relatório, sobretudo quando não existe corroboração com a realidade dos fatos. Informa que já se colo­cou à disposição das autoridades para esclarecimentos e que tem confiança de que o Poder Judi­ciário avaliará corretamente os fatos investigados. Reitera, por fim, que Marcos Monteiro sem­pre pautou sua vida publica com absoluta lisura e austeridade”.

“A defesa do Sebastiao Edu­ardo não teve acesso à decisão de indiciamento e tomou conheci­mento do fato pelas notícias da imprensa. Em primeiro lugar, o Sebastião nega veementemente qualquer participação em ato ilícito e sua defesa credita a con­clusão da polícia federal ao tra­balho atabalhoado realizado, em que elementos de provas foram manipulados de forma ilícita e um cenário fático parece ter sido construído de maneira fantasio­sa e inverossímil.”

O PSDB, partido ao qual o ex-governador é filiado, di­vulgou nota em defesa de Al­ckmin. “Governador quatro vezes de São Paulo, quase cinco décadas de vida pública, médi­co, Geraldo Alckmin sempre levou uma vida modesta e de dedicação ao serviço público. É uma referência de correção e retidão na vida pública. Tem toda a confiança do PSDB.” O comunicado é assinado por Marco Vinholi, presidente esta­dual do partido e secretário de Desemvolvimento regional do governo João Doria (PSDB).

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