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Ainda é possível viver e conviver em paz?

A vida pode ser uma sucessão de coincidências feli­zes, de encontros prazerosos, de união entre as pessoas. Mas nem sempre é isso o que vemos ao nosso redor. Na correria diária, são muitos os “ruídos” que tiram o nosso sossego e atrapalham a nossa convivência.

Por vezes nos tornamos porta-vozes da mentira, da difamação e da calúnia ao invés de instrumentos da paz. Na era da internet, toda e qualquer mensagem se propaga num piscar de olhos. Fatos que ocorrem num canto do planeta atravessam fronteiras, chegando a outras cidades, outros países e continentes com a rapidez de um clique.

Alimentadas pela fofoca, histórias que envolvem a intimidade das pessoas tomam proporções inimagináveis e invadem nossos lares como se fossem verdades absolu­tas. E essas histórias fomentam antipatias, preconceitos e desprezo. Constroem muros ao invés de pontes. Dividem e não unem as pessoas no âmbito das famílias e nos círculos de amizades.

Outro agente semeador de discórdia é a necessidade que alguns têm de impor suas ideias e sua maneira de ser. Parecem querer provar a si mesmos que são superiores aos outros. Muitas pessoas gostam de recitar a Oração de São Francisco, como um poema em homenagem à paz. É fundamental que todos compreendam que a construção desta paz, em nível mundial ou dentro de casa, depende de cada um de nós.

Depende de uma mudança de conduta pessoal. Nas pa­lavras de São João Paulo II num discurso que fez em Assis, a Paz é descrita como um canteiro de obras aberto a todos: “A paz é uma responsabilidade universal: passa através de milhares de pequenos atos da vida cotidiana. Por seu modo cotidiano de viver com os outros, as pessoas optam pela paz ou a descartam”.

Sempre que nos deparamos com a tentação da dis­córdia, é bom lembrar o exemplo da Família de Nazaré. Foram muitas as apreensões vividas por Maria, José e o Menino Jesus enquanto buscavam um lugar seguro para morar, mas em nenhum momento perderam o sentido da união. Mantiveram-se juntos para o que desse e viesse.

Assim também deve ser a nossa vida. Não podemos nos perder uns dos outros. E, mais importante ainda, não podemos nos perder de Deus, que é a fonte de toda união. Não nos afastemos de sua Palavra, tão bem refletida neste mês da Bíblia que se encerra: em nossa vida pessoal, familiar, social e profissional. A fé em Deus nos ensina a contribuir para a união entre os seres humanos.

Esse discernimento nos leva a refletir antes de reali­zarmos toda e qualquer ação. A reflexão é o exercício dos sábios. Quando desenvolvemos o hábito de refletir, conse­guimos criar um equilíbrio entre razão e emoção, atuando com mais cordialidade e gentileza. Nossas palavras serão mais adequadas, nossas conversas mais oportunas e posi­tivas. Nossas decisões serão mais justas. É urgente que nos perguntemos desde os porões de nossa intimidade: Ainda é possível viver e conviver em paz?

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