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Agro Paulista cresce 9,4% no primeiro semestre de 2024  

Negócios na região de Ribeirão Preto são impulsionados pela cana-de-açúcar; outros setores ganham força, mas condições climáticas podem impactar a produtividade 

Na dobradinha cana-de-açúcar e carne bovina, a participação no VPA é de 77,2% na regional de Ribeirão Preto (Alfredo Risk)

Adriana Dorazi – especial para o Tribuna Ribeirão 

No setor do agronegócio o Estado de São Paulo vai bem. O saldo de superávit entre exportações e importações chegou a US$ 11,22 bilhões no primeiro semestre, aumento de 9,4% em relação ao mesmo período de 2023. O levantamento é do coordenador da Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios (Apta), Carlos Nabil Ghobril, e os pesquisadores José Alberto Ângelo e Marli Dias Mascarenhas Oliveira, do Instituto de Economia Agrícola (IEA-Apta), vinculado à Secretaria de Agricultura e Abastecimento de São Paulo (SAASP).

Exportações foram reduzidas em 16,2%, impactadas pela queda nas vendas de soja em grãos (-26%), açúcar (-36%) e carne bovina (-18%). Em contrapartida, houve aumento nos valores de suco de laranja (55%), café verde (45%) e celulose (104%). A participação do agro nas exportações gerais do estado chegou a 42,2% no período, enquanto as importações setoriais foram de 7,7%.

Pelo levantamento da SAASP, em 2022 – número mais recente – o valor da produção agropecuária (VPA) do estado de São Paulo em 2022 está estimado pelo Instituto de Economia Agrícola em R$156,22 bilhões. Valor superior em 20,06% ao resultado obtido em 2021 e 13,11% em termos reais.

Neste cenário a região de Ribeirão Preto ocupa a 17ª posição no estado, com R$ 4,6 bilhões em negócios, tímidos 3% do total. Ainda assim esses valores saltaram 38% de 2021 para 2022, elevando a posição que antes estava em 20ª. Na lista liderada por Barretos, também aparecem, como melhores colocadas em relação à RP, Orlândia, Araraquara, Franca e Jaboticabal.

Na regional de Barretos destacam-se pela ordem os VPAs de: cana-de-açúcar, carne bovina, laranja para indústria, soja e laranja para mesa. O VPA desses produtos corresponde a 89,5% do total da regional, sendo que os da cana-de-açúcar e o da carne bovina juntos respondem por 71,3%. Em 12 regionais, o VPA da cana-de-açúcar é responsável por mais de 50% do VPA regional (incluindo RP), com maior participação em Orlândia (69,5%).

Na dobradinha cana-de-açúcar e carne bovina, a participação no VPA é de 88,2% na regional de Andradina, 79,6% na de Ribeirão Preto, 77,2 % na de Dracena, 72,1% na de Presidente Venceslau e 71,1% na de Lins.  O desempenho positivo do agronegócio estadual teve importante papel para evitar um déficit ainda maior no desempenho do saldo da Balança Comercial do Estado de São Paulo no primeiro semestre de 2024.

Opinião de quem é do setor regional

Rosana Amadeu: na região de Ribeirão Preto e Sertãozinho o complexo sucroalcooleiro puxa, para cima, os resultados do agro paulista ((Rafael Cautella )

Rosana Amadeu, presidente do CEISE Br – Centro Nacional das Indústrias do Setor Sucroenergético e Biocombustíveis, confirma que na região de Ribeirão Preto e Sertãozinho o complexo sucroalcooleiro puxa, para cima, os resultados do agro paulista. Diz ser necessário considerar que existe toda uma cadeia produtiva em constante transformação e desenvolvimento.

“A nossa tão relevante produção de etanol, açúcar, energia e outros derivados a partir da cana, vai além da combinação de práticas agrícolas avançadas com tecnologias inovadoras dos demais elos do setor – como a indústria de base: ela fortalece a segurança energética do país e contribui de maneira substancial para a mitigação das mudanças climáticas”, analisa. 

Paulo Maximiano Junqueira Neto: custo proibitivo, preços baixos mesmo com o dólar em alta (Fábrica de Retratos  )

Ainda segundo Rosana, nesse contexto, não é à toa que um dos principais eventos de soluções, tecnologias e tendências do setor bioenergético acontece aqui no interior do estado. A Fenasucro & Agrocana (realizada tradicionalmente em agosto) vem, há 30 edições, colaborando para o desenvolvimento de toda cadeia, do campo institucional às políticas públicas. “Mais do que nunca, o setor agro como um todo têm os recursos necessários para tornar (conduzir e permanecer) o Brasil, efetivamente, protagonista nessa pauta, em busca de um futuro mais verde e sustentável”, completa.

Para alguns produtores um ponto fundamental do cenário, até o fim do ano, são os fatores climáticos, capazes de afetar a lucratividade, em especial para os menores. Paulo Maximiano Junqueira Neto, produtor, advogado, presidente do Sindicato Rural de RP, ARRP e Assovale, reflete que a Safra 24/25 requer atenção.  

 “Preocupante até o momento a situação do Agro em nossa região. Seca histórica novamente, baixa produtividade, custos de produção nas alturas. Resultados ruins neste primeiro semestre (em nível local) e perspectivas nada positivas para o segundo, com o plantio dos cereais. Custo proibitivo, preços baixos mesmo com o dólar em alta”, contrapõe Junqueira.  

 Exportações do Agronegócio Paulista por Grupos de Produtos 

Os cinco principais grupos de exportação do agronegócio paulista no primeiro semestre de 2024 foram: 

Complexo Sucroalcooleiro: 37% de participação totalizando US$ 5,18 bilhões (91,1% açúcar e 8,9% etanol) 

Produtos Florestais: 11% de participação com total de US$ 1,54 bilhão (53,0% celulose e 39,7% papel) 

Complexo Soja: 11% de participação registrando total de US$ 1,54 bilhão (82,3% soja em grão) 

Carnes: 10,8% de participação alcançando valor de US$ 1,51 bilhão (83,3% carne bovina) 

Sucos: 8,2% de participação com total de US$ 1,15 bilhão (97,7% suco de laranja) 

 Os principais destinos das exportações  

China: US$ 2,88 bilhões (20,6% do total, variação negativa de 13,7%) 

União Europeia: US$ 1,74 bilhão (12,4% do total, crescimento de 7,7%) 

Estados Unidos: US$ 1,44 bilhão (10,3% do total, variação positiva de 9,0%) 

Outros destinos importantes incluem Indonésia (3,9%), Índia (3,8%), Emirados Árabes Unidos (3,1%), Bangladesh (2,8%), Arábia Saudita (2,3%), Argélia (2,1%) e Egito (2,0%). 

Balança Comercial do Brasil 

No primeiro semestre de 2024, a balança comercial brasileira registrou um superávit de US$ 42,31 bilhões, com exportações de US$ 167,61 bilhões e importações de US$ 125,30 bilhões. Esse resultado representa uma queda de 5,2% no saldo da balança em relação ao mesmo período de 2023. 

 

 

 

 

 

 

 

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