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Agosto lilás: uma luta de todos nós

Camisetas, laços e prédios públicos iluminados com a cor lilás indicam que estamos vivenciando o mês de conscientização pelo fim da violência contra a mulher, onde toda sociedade é convidada a participar dos esforços para redução da triste realidade.

A violência contra a mulher está presente em nosso cotidiano, espe­cialmente no âmbito das famílias. As estatísticas são alarmantes e sabe-se que a maioria dos casos ainda permaneceescondida. Esse fenômeno já é considerado problema de saúde pública capaz de deixar traumas per­manentes às vítimas e está presente em todas as classes sociais e credos religiosos.O problema surge da cultura de discriminação que desenvolve estereótipos que tentam justificar a inferioridade em relação aos homens, muitas vezes atribuindo a culpa à própria vítima.

Quando uma morte é noticiada, por alguns instantes existe uma co­moção que logo se transforma em esquecimento ou banalização. O que não se observa é que, antes de chegar ao óbito, a mulher passa por uma série de situações e sofre diversos tipos de violência entre as quais física, psicológica, moral, sexual, digital, patrimonial e até a institucional.

Em grande número dos casos a mulher possui envolvimento emocional ou afetivo com o agressor. Isso, aliado à dependência econômica pode ser decisivo para impedir ou dificultar a realização de denúncias e a quebra do vínculo violente. Muitas mulheres acre­ditam que são culpadas e não conseguem reconhecer as situações de abuso a que são submetidas.

Geralmente a sociedade cobra atitudes das mulheres e tece críticas às que não abandonam seus parceiros. Antes de apontar o dedo é necessá­rio compreender possíveis razões para essa aparente passividade. Inicial­mente existe aquela velha esperança de que o parceiro agressivo mudará seu comportamento, depois tem a questão da vergonha da exposição e o temor de julgamentos. As barreiras familiares e financeiras também são presentes, aliadas à falta de conhecimento sobre a existência de uma rede de proteção completando o triste quadro.

Não podemos esquecer a crueldade de agressores, especialmente companheiros, que impõe torturas psicológicas materializadas por ameaças contra a mulher, seus filhos ou familiares. As agressões verbais e mesmo as agressões físicas, que algumas vezes não deixam marcas aparentes, vão minando as forças e fragilizam a vítima de tal sorte que permanece passiva e calada.

Os profissionais da segurança, saúde, educação e assistência social possuem um papel importante na detecção, orientação e combate à violência, pois muitas vezes a mulher lança pedidos de socorro imper­ceptíveis. Estruturar o acolhimento com uma escuta qualificada, sem julgamentos ou discriminação, dentro de um atendimento humaniza­do que garanta privacidade, sigilo e confiança pode ser determinante para a preservação da integridade física e da própria vida.

Embora muitos não saibam, existe uma rede protetiva integrada pe­las Unidades de Saúde, Defensoria Pública, Ministério Público, Delegacia de Defesa da Mulher, Polícia Militar e Guarda Civil Municipal (Patrulhas Maria da Penha) entre vários, capaz de acolher e proteger as vítimas. Ribeirão Preto conta ainda com o NAEM – Núcleo de Atendimento Especializado à Mulher, que trabalha de forma articulada com outros serviços socioassistenciais e órgãos do Sistema de Garantia de Direitos. Durante 24 horas também pode ser acionado o disque denúncia: 161.

O cidadão comum também pode auxiliar, sempre ouvindo com atenção e sem julgamentos, perguntando para a vítima como ela desejaria ser ajudada, valorizando os sentimentos, colocando-se em seu lugar e compreendendo que dentro de seu trabalho, de seu circulo de amizades ou grupo social pode, com pequenas atitudes, ser um grande agente de transformação.

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