O Índice de Preços dos Supermercados, calculado pela Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas para a Associação Paulista de Supermercados (Apas/Fipe), registrou inflação de 0,90% em agosto e acumula 5,93% no ano, acima dos 3,03% acumulados no mesmo período de 2019.
A razão do aumento teve diversas causas, por isso, a Apas pediu a seus associados para comprarem somente o necessário para repor o estoque, bem como os motivos que estão levando alguns de seus supermercados associados a restringir a quantidade da venda de itens da cesta básica por consumidor.
Arroz
O preço do arroz acumula 25,7% em oito meses. Não alcançava índices tão elevados desde 2008. Uma série de fatores tornaram o arroz o produto com um dos maiores aumentos no ano. O primeiro deles vem da Índia, maior exportador, que teve dificuldades logísticas e de colheita diante de seus recordes diários de mortes e casos de covid-19.
O mesmo aconteceu em países como Vietnã e Tailândia. Por conta disso, o Brasil, 11º exportador de mundial de arroz, acabou sendo um atrativo para os estrangeiros, uma vez que o real está em baixa, o que torna o produto ainda mais atrativo aos países importadores.
Soma-se a isso o auxílio emergencial, que incentivou o consumo de itens da cesta básica, como o arroz, instigando a demanda. Por fim, o valor da saca de arroz em casca no campo teve no acumulado de 107% no ano. Embora o governo federal tenha acatado a solicitação do setor supermercadista para que a alíquota de importação fosse zerada durante a pandemia, isso não garante que o preço do arroz recuará num futuro próximo.
Leite
Além da entressafra que chega ao fim, produtores de leite e indústria alegam que os insumos estão mais caros devido ao alto valor do dólar. Segundo eles, a ração subiu 65% em doze meses e houve um descompasso entre a oferta de produtores e indústria. Em agosto, o leite registrou alta 24,23% e, no acumulado de 2020, encontra-se em 27,78%.
Óleo de soja
Com 13% de aumento no mês e um acumulado que chega a 23,8%, a inflação neste produto só foi vista em 2001 quando o preço chegou a subir 38%. O motivo do aumento em 2020 vem da China. O país foi o primeiro que saiu da pandemia de covid-19 e, desde fevereiro, importa 73% do produto.
O cenário nos supermercados só não é pior, pois o Brasil continua batendo recordes de produção, porém não o suficiente para equilibrar a oferta interna com a exportação. E, por fim, no acumulado de 2020, a soja no campo registrou um aumento de 57%.
Demais itens
No campo dos hortifrútis, apesar do grupo registrar uma deflação de 0,62%, alguns itens também chamam a atenção pela elevação nos preços, como o limão (37,16%), o mamão (22,4%), a melancia (21,9%), o maracujá (16,8%) e o tomate (16,23%).
Já entre as proteínas animais, o maior aumento de agosto ficou nos suínos (5,56%), seguido das aves (3,28%) e bovinos (1,21%). Entre os cortes, os que mais subiram foram o fígado (10,09%), pernil com osso (9,78%) e picanha (6,44%). Os ovos tiveram queda de 2,61% em agosto, porém acumulam aumento de 7,45% em 2020.
Queda
Entre os produtos com maiores quedas no preço em agosto está o feijão, com deflação de 3,98%, porém, ele soma inflação de 18,23% no acumulado de 2020. Entre outros itens presentes na mesa dos brasileiros que registraram baixas estão a cebola (16,21%), a batata (14,07%) e alho (13,62%).
Segundo o Indicador de Inflação por Faixa de Renda do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), no ano, alimentos importantes para os brasileiros acumulam altas de preços: arroz (19,2%), feijão (35,9%), leite (23%) e ovos (7,1%).
Segundo a inflação oficial, medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o preço do arroz subiu 3,08% em agosto e acumula alta de 19,25% no ano.
De acordo com o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada da Universidade de São Paulo (Cepea/USP), o preço do arroz variou mais de 107% nos últimos doze meses, com o valor da saca de 50 quilos próximo de R$ 100.
Os motivos para a alta são uma combinação da valorização do dólar frente ao real, o aumento da exportação e a queda na safra. Em alguns supermercados, o produto, que custava cerca de R$ 15, no pacote de cinco quilos, está sendo vendido por até R$ 40.