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Agentes e radares multam 14 por hora

De janeiro a junho deste ano, os agentes civis da Empresa de Trânsito e Transporte Urbano de Ribeirão Preto (Transerp), com a ajuda dos radares fixo e móveis, aplicaram 62.253 mul­tas em motoristas infratores. Deste total, 37.316 – ou 60% – infrações foram registradas pe­los aparelhos e 24.937 (ou 40%) pelos “amarelinhos” – os 31 ser­vidores deixaram de ser “mar­ronzinhos” na semana passada, quando o uniforme mudou de cor: agora são os “amarelinhos”.

O número é superior ao das infrações registradas pela Polí­cia Militar: 43.659 somente até maio de um total de 80.975, ou 53,9% – em julho, a Transerp havia informado ao Tribuna que o número de infrações no primeiro semestre havia au­mantado 10,4% em compara­ção com o mesmo período do ano passado, saltando de 68.571 para 75.690, com acréscimo de 7.119. Somente as autuações de responsabilidade da Transerp resultaram em uma média diá­ria de 346 infrações por dia. A empresa responde por 46,1% do total de multas aplicadas no pri­meiro semestre deste ano.

Entre as infrações registra­das pelos agentes de trânsito, as mais comuns são dirigir veículo segurando o telefone celular, es­tacionar em local/horário proi­bido especificamente pela sina­lização e não utilizar o cinto de segurança. Já as registradas pelos radares têm como único motivo o excesso de velocidade além do permitido nas avenidas onde es­tão instalados.

Considerando que todas as multas aplicadas pelo agentes tenham sido, por exemplo, por dirigir falando ao celular, cujo valor da penalidade é de R$ 293,47, as multas resultariam em uma arrecadação de R$ 7,3 milhões. Já no caso de excesso de velocidade, cujo valor é de R$ 195,23 para quem trafegar com velocidade entre 20% e 50% superior à máxima permitida, o valor arrecadado, neste caso, também seria de R$ 7,3 milhões. Resultado: nestes seis primeiros meses do ano a Transerp arreca­dou, em média, R$ 14,6 milhões.

Multas no ano passado
Em 2017 foram aplicadas na cidade 155.604 multas. Deste total, 33.641 pela Polícia Mili­tar (21,62%), mais 72.582 pelos radares fixos e móveis (46,64%) e 49.375 pelos agentes de fisca­lização (31,74%). Isso dá uma média de 12.967 mil por mês, 432 por dia, 30 por hora. As principais autuações registradas em 2017 foram por transitar em velocidade superior à máxima permitida em até 20% (64.345 multas), usar o telefone celular ao volante (15.255), dirigir sem o cinto de segurança (7.850), transitar em velocidade superior à máxima permitida em mais de 20% e até 50% (7.823) e avançar o sinal vermelho (7.026).

A arrecadação no ano pas­sado cresceu 12,7%, de R$ 18,9 milhões em 2016 para R$ 21,3 milhões, aporte de R$ 2,4 mi­lhões. As autuações renderam R$ 58,4 mil por dia à empresa de economia mista. Segundo a Transerp os recursos arreca­dados são utilizados conforme estabelecido no artigo 24 do Có­digo de Trânsito Brasileiro, que contemplam especificamente as atividades de engenharia de trá­fego, educação e fiscalização.

A Transerp vai publicar em breve edital de abertura de concurso público para a con­tratação de 15 novos agentes ci­vis. A ampliação do quadro de funcionários foi anunciada pelo prefeito Duarte Nogueira Júnior (PSDB). O último concurso foi realizado em 2007, no governo de Welson Gasparini (PSDB). Atualmente a cidade possui 31 fiscais que recebem salário líqui­do de R$ 3.617,00.

Segundo o Departamento Nacional de Trânsito (Dena­tran), o número de agentes de trânsito em Ribeirão Pre­to é muito inferior ao índice preconizado pelo órgão, de um agente para cada dois mil veículos. Como a cidade tem uma frota de 538 mil unidades – motos e carros – e 31 fiscais, a média no município é de um profissional para cada 17,3 mil veículos. Para atingir o percen­tual recomendado seriam ne­cessários 251 servidores.

Ação judicial tenta proibir multas em RP
Defensor da tese de que a Empresa de Trânsito e Trans­porte Urbano de Ribeirão Preto (Transerp) não tem poder legal para aplicar multas, o advoga­do Wilson Guimarães guarda a decisão da Justiça, especifica­mente da 1ª Vara da Fazenda Pública, em ação impetrada por ele para tornar regular as ativi­dades exercidas pela companhia em relação a administração do trânsito na cidade.

No processo o advogado pede que a empresa, de economia mista, exerça apenas sua função determinada na lei – reguladora do transporte coletivo –, sob o risco de ter que devolver valores de multas de estadia de veículos no pátio da empresa e de infra­ções de trânsito, entre outros. De acordo com o advogado, outras ações na justiça já questionavam o poder de polícia exercido ilegal­mente pela empresa no tocante a infrações dos motoristas.

Entretanto, ele ressalta que a intenção da ação que impetrou é ajustar todas as irregulari­dades cometidas, desde 2000, quando a Transerp foi elevada à categoria de Órgão Municipal Executivo de Trânsito, passando a fiscalizar, lavrar e arrecadar multas com base no Código de Trânsito Brasileiro. “Isso está previsto em Lei Federal, portan­to, se a Transerp foi criada, no interesse público, apenas para explorar e gerenciar o transporte público de passageiros, como empresa de economia mista, jamais poderia lhe ser atribuída qualquer outra atividade que não fosse essa”, destaca.

Caso a justiça decida em favor da ação proposta por Guima­rães, a administração pública terá que buscar medidas para tornar legais todas as ações de trânsito realizadas como, multas, contratações de agentes de trânsito, os serviços de guincho, fiscalização e normatização de tá­xis, mototáxis, escolares, estadias de veículos em seu pátio e até a “regulamentação” da Área Azul. Em nota, a Transerp informa que apesar de ser empresa de economia mista, possui como acionista majoritária a prefeitura com quase 100% das ações.

Além disso, é entidade executiva de trânsito do município, devi­damente integrada ao Sistema Nacional de Trânsito, o que, por si só comprova a legalidade da assunção das competências que lhe são inerentes. “Especial­mente no que refere a fiscalizar, autuar e aplicar a penalidade de multa conforme estabelecido pela Lei Federal nº 9.503/97 (Código de Trânsito Brasileiro), e continuará exercendo suas atividades e responsabilidades na busca de um trânsito mais seguro para todos”, diz a nota.

Multas aplicadas no ano de 2018
Polícia Militar
De janeiro a maio: 43.659
Radares
De janeiro a junho: 37.316
Agentes de trânsito
De janeiro a junho: 24.937

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