Já se vão 191 anos desde que foi aprovada a lei que instituiu os dois primeiros cursos de Direito no Brasil. Um deles em São Paulo, outro em Olinda/PE. De lá para cá, o país mudou de regime político, de monarquia virou república, passou por pelos menos dois períodos de ditadura, transformações econômicas e se tornou um dos países mais conectados do planeta na era em que a internet e as redes sociais são presentes como oxigênio e vem promovendo a nova revolução industrial. Hoje somos cerca de um milhão de advogados no país, quase um exército de profissionais que buscam o seu espaço diante de problemas e oportunidades.
A advocacia é uma das principais atividades profissionais do Estado Democrático de Direito. É por meio dela que as pessoas e empresas defendem seus pleitos no Judiciário, no Ministério Público e diante dos órgãos da Administração Pública.
Com a advocacia, o cidadão comum e empresários estruturam suas atividades, com base na legislação vigente. Essa atividade é essencial num país com normas rígidas e complexas.
A atividade da advocacia forma um importante setor da economia que contribui para o desenvolvimento econômico nacional. Se o país cresce, crescem as demandas de novas empresas e negócios, figurando o advogado como peça principal no planejamento e estruturação da atividade a ser praticada. Se o país entra em crise, crescem os conflitos a ensejar os mais variados serviços jurídicos.
Mas, há espaço no mercado para esse contingente de profissionais? As novas tecnologias e a inteligência artificial vão diminuir as oportunidades de trabalho para os advogados no futuro? O Direito e a advocacia têm conseguido acompanhar as transformações culturais com a mesma velocidade?
A advocacia e o Direito terão que se adaptar aos novos tempos. Não é mais possível seguir com a mesma velocidade com a qual promovemos adaptações no passado. O mundo mudou.
Novas tecnologias e, mais recentemente, a inteligência artificial, vêm promovendo transformações profundas em todas as atividades. E, nesse contexto, imaginar que o Direito e a advocacia não serão atropelados por tudo isso é de profunda ingenuidade.
A advocacia e os advogados, juntamente com juízes, promotores e agentes públicos, precisam começar a “navegar” na velocidade do século XXI. Caso contrário serão substituídos pelos foros privados das redes sociais, pelos regulamentos do Facebook, do Twitter, do Youtube ou mesmo pelas câmaras de arbitragem que já conseguem compor conflitos com mais eficiência e rapidez do que os aparatos estatais tradicionais.
É um mundo novo, diferente, sujeito a constantes alterações. Para sobrevivermos a ele teremos que quebrar paradigmas e sermos flexíveis e resilientes a todo instante.