Se no último final de semana, Festa de Jesus Cristo, Rei do Universo, iniciamos o “Ano Nacional do Laicato”, em torno de nosso arcebispo metropolitano, Dom Moacir Silva, numa belíssima concelebração eucarística, que testemunha nossa comunhão e unidade com a Igreja do Brasil, no próximo, iniciaremos um novo ano litúrgico.
Reunindo desejos, sonhos e utopias da humanidade por profundas transformações e dias melhores, manifestadas em veementes clamores em nossos dias, iniciamos o tempo do advento, o memorial da esperança, que alarga nossa vida para acolher o grande mistério da encarnação. Na perspectiva do Natal e epifânia do Senhor, como acontecimentos sempre novos e atuais, vislumbramos vigilantes e esperançosos, a lenta e paciente chegada de seu Reino e sua manifestação em nossa vida e na história. O Senhor nos garante que, nesta espera, não seremos desiludidos.
A coroa do advento, feita com ramos verdes, fita vermelha, com quatro velas que progressivamente se acendem, com um rito apropriado, nos quatro domingos do advento, retoma o costume judaico de celebrar a vinda da luz à humanidade dispersa pelos quatro pontos cardeais, expressa nossa prontidão e abertura ao Senhor que vem e quer nos encontrar acordados e com nossas lâmpadas acesas.
A novena de Natal, preparada carinhosamente pelo nosso Seminário Maria Imaculada, pela Comissão para a liturgia da Arquidiocese de Ribeirão Preto (CAL) e alguns padres colaboradores, é um instrumento muito importante para ajudar-nos viver, em família e em comunidade, este tempo de piedosa e alegre expectativa, este tempo de preparação para o Natal do Senhor.
Advento é também tempo especial de escuta e atenção à Palavra de Deus. Tempo de nos engravidar da palavra, gestando em nós e entre nós o verbo, como Maria, figura que tem especial destaque neste tempo.
Esperança tem muito a ver com perseverança. Perseverar em Deus. Não se trata de esquecer o que vivemos e seguirmos como se nada tivesse acontecido. Podemos viver calejados, com cicatrizes na alma, algumas vezes com momentos de dor, mas nunca perder a esperança de que dias melhores virão.
A esperança não nos ilude, mas nos faz caminhar com serenidade, acreditando que novas possibilidades surgirão, como nos fazia ver o Papa Francisco quando ainda era arcebispo de Buenos Aires: “Caminhar, de certo modo, já é entrar numa esperança viva. Assim como a verdade, a esperança é um dom que nos faz seguir adiante e nos convida a acreditar que cada novo dia trará consigo o pão necessário para a nossa subsistência”.
Como alpinistas da graça divina, precisamos seguir em frente. Do meio das sombras nascerá a luz. Na hora da dor, brotará a verdadeira esperança. Bem por isso, iniciamos o rico tempo em preparação ao Natal do Senhor, a luz que veio iluminar os corações aquecidos pelo Príncipe da paz, num advento, o memorial da esperança!