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Adesão à greve chega a 50%

A greve dos trabalhadores da Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos (ECT) atinge parcial­mente as quatro agências oficiais em Ribeirão Preto – Centro (rua Álvares Cabral), Campos Elíseos (avenida da Saudade), Parque Industrial Lagoinha e Monte Alegre (campus da Universidade de São Paulo, a USP). A adesão chega a 50% e emperra a entrega de correspondências. Em Franca o movimento paredista tem o apoio de 70% da categoria e em Araraquara, de 80%.

A informação é da diretora do Sindicato dos Trabalhadores dos Correios na Região de Ri­beirão Preto, Fernanda Roma­no. A cidade tem cerca de 600 funcionários – 400 deles na área operacional (são cerca de 260 carteiros e operadores do centro de distribuição). As assembleias que deflagraram a greve no nor­deste paulista foram realizadas entre terça (19) e quarta-feira, 20 de setembro.

Em Ribeirão Preto a assem­bleia durou quase quatro horas. Também houve reuniões em Araraquara, Barretos, Bebedouro e Franca, além de outras dezenas de cidades da base do Sintect – são 92 cidades, e os serviços tam­bém foram afetados em Orlândia, Sertãozinho, Cravinhos e São Joa­quim da Barra. A greve nacional tem como principal reivindica­ção a manutenção dos benefícios conquistados pela categoria nas últimas décadas.

Fernanda Romano explica que a empresa quer cobrar men­salidade pelo plano de saúde, concedido aos funcionários há 20 anos. “Como a nossa categoria tem uma salário muito baixo, o que nos mantém são os benefí­cios. O funcionário dos Correios não tem condições de pagar a mensalidade que eles querem. Pela proposta da empresa, o tra­balhador que tem três dependen­tes pagaria de R$ 500 a R$ 700 pelo plano de saúde”, afirma.

A diretora do sindicato des­taca ainda que a proposta dos Correios prevê cortes em outros benefícios, como o vale-cultura, o vale-alimentação, a licença por afastamento custeada pela em­presa em caso de negativa do Ins­tituto Nacional do Seguro Social (INSS), as horas-extras e as férias. Para a sindicalista, a tendência é que a greve ganhe força nos pró­ximos das. Ela não descarta a pos­sibilidade de as agências terem de fechar as portas por causa da falta de funcionários.

Esta é a segunda greve da ca­tegoria neste ano. Entre o final de abril e o começo de maio, a adesão também chegou a 50%. O sindicato também reclama que o déficit de empregados na área operacional é de 50 trabalhado­res. A paralisação é por tempo indeterminado. A categoria tam­bém tenta negociar um reajuste salarial de 8%. Segundo a Fede­ração Nacional dos Trabalhado­res em Empresas de Correios e Telégrafos e Similares (Fentect), foram mais de 50 dias de negocia­ção, sem sucesso.

Também integram a pau­ta o fechamento de agências, a pressão para adesão ao Plano de Demissão Voluntária (PDV), ameaça de demissão motivada com alegação da crise, ameaça de privatização, corte de investi­mentos, falta de concurso públi­co, redução no número de fun­cionários – a última seleção para empresa ocorreu em 2011.

Em nota, os Correios infor­mam que continuam dispostos a negociar e dialogar com as re­presentações dos trabalhadores na busca de soluções que o mo­mento exige e considera a greve um ato precipitado que desqua­lifica o processo de negociação e prejudica todo o esforço realizado durante este ano para retomar a qualidade e os resultados finan­ceiros da empresa.

Os Correios enfrentam uma grave crise econômica e vem adotando medidas para reduzir gastos e melhorar a lucratividade da estatal. Nos últimos dois anos, a empresa registrou prejuízos que somam, aproximadamente, R$ 4 bilhões. Desse total, 65% corres­pondem a despesas de pessoal.
Em 2016, os Correios lança­ram um Programa de Demissão Incentivada (PDI) com a meta de cortar oito mil servidores, mas apenas 5,5 mil aderiram. Em março a empresa anunciou o fechamento de 250 agências em municípios com mais de 50 mil habitantes, além de uma série de medidas de redução de custos e de reestruturação da fo­lha de pagamentos.

O ministro da Fazenda, Hen­rique Meirelles, afirmou nesta quinta-feira (21) que o governo está analisando uma eventual pri­vatização dos Correios. Ele desta­cou que o tema merece cuidado especial, sobretudo pelo caráter de monopólio do serviço presta­do pela companhia à sociedade.
Na quarta, o ministro Morei­ra Franco, da Secretaria-Geral da Presidência, disse em Nova York (EUA) que a venda da ECT está sendo analisada pelo governo e seria oportuno que ela passasse para o controle do setor privado, devido à dramática situação fi­nanceira da empresa.

Para o ministro, uma possível abertura de capital dos Correios “poderia ser boa alternativa, pois é um primeiro passo” do acesso da empresa ao setor privado. “Mas a prioridade da privatização é o bom serviço e garantia de investi­mentos”, comentou Meirelles.

A estatal alega ainda que o custeio do plano de saúde dos funcionários é responsável pela maior parte do déficit registrado nos últimos anos. Hoje os Cor­reios bancam com 93% dos cus­tos dos planos de saúde e os fun­cionários, com 7%.

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