Em mais uma edição, a campanha anual 16 Dias de Ativismo pelo Fim da Violência Contra as Mulheres, que teve seu lançamento no dia 20 de novembro (Dia da Consciência Negra) pelas redes sociais, segue com ações. Começou na quarta-feira, 25 de novembro, Dia Internacional de Combate à Violência contra a Mulher, e vai até 10 de dezembro (Dia Internacional dos Direitos Humanos).
Em Ribeirão Preto, o movimento reuniu duas organizações da sociedade civil: a Fundação do Livro e Leitura e a ONG Vitória Régia, com o objetivo de, juntas, ampliarem a divulgação e envolverem mais pessoas na propagação desta causa. Chamada de calendário único, a campanha vai promover 16 atividades que foram programadas para discutir violência ao público feminino, expor instituições de apoio a vítimas e refletir propostas para colocar um fim a situações de abuso e violência.
As atividades serão reproduzidas pelas redes oficiais dos parceiros e poderão ser acessadas de forma gratuita e online. Trata-se de um calendário único anual e internacional iniciado em 1991 por ativistas do Instituto de Liderança Global das Mulheres. A proposta do evento, segundo informações do portal ONU Mulheres Brasil, é criar uma “estratégia de mobilização de indivíduos e organizações, em todo o mundo, para engajamento na prevenção e na eliminação da violência contra as mulheres e meninas”.
No início deste mês de novembro, um novo caso de feminicídio: a comerciante Kelly Cristina da Silva, 41 anos, foi morta a tiros no centro de Ribeirão Preto, quando entrava em um carro de transporte por aplicativo e segundo a Polícia Civil, o principal suspeito do homicídio é o ex-companheiro de Kelly, Carlos Henrique Schiavoni, que está foragido. O homicídio trouxe um alerta mais severo para a cidade sobre a importância de se continuar discutindo o assunto e desenvolver ações para combater violência de gênero.
Franciele de Sousa Balmanti, advogada voluntária da ONG Vitória Régia, conta que a luta da entidade também começou após um crime bárbaro na cidade: o caso Nicole, que chocou população em setembro de 1998, quando a garota de programa Selma Heloísa Artigas da Silva, 22 anos, conhecida pelo pseudônimo de “Nicole”, morreu, depois de ser arrastada pelo empresário Pablo Russel Rocha, que está preso, por mais de dois quilômetros, presa a um veículo.
A advogada sinaliza que, “a luta em favor das mulheres é histórica e mesmo com direitos jurídicos garantidos ao longo do tempo, em 2020 com a pandemia, os casos de violência em casa só aumentaram e por isso precisamos cada vez mais gerar esse debate na sociedade”, destaca.
Priscila Prado, do Núcleo de Produção da Fundação do Livro e Leitura, cita que, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), o Brasil é o quinto país no mundo em maior número de casos de feminicídio, sendo que uma mulher sofre violência doméstica a cada dois minutos e uma mulher trans é morta a cada três dias.
A programação conta com a presença de mulheres como Luiza Trajano e Vilma Piedade. Todos os debates serão realizados pelas redes sociais. As atividades podem ser assistidas de forma gratuita pelos canais @ongvitoriaregia/ e @fundacaolivrorp/. A ONG Vitória Régia atua para garantir os direitos das mulheres e da comunidade LGBTQIA+, em especial profissionais do sexo e PVHIV em situação de violência e violações de direitos.
A superintendente da Fundação do Livro e Leitura, Viviane Mendonça, explica que a entidade participa do evento motivada pela sua capacidade de poder agregar um público ainda maior ao movimento pelo fim da violência contra as mulheres. “É muito importante a gente se engajar principalmente por conta da literatura. Hoje, há muitas produções literárias que tratam desta questão, o que traz luz para este tema tão importante e que atinge tantas mulheres ainda”, conclui.