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Acidentes – Fuga de motoristas triplica risco de morte

Levantamento do Res­peito à Vida, programa da Secretaria de Governo dol Estado coordenado pelo Departamento Estadual de Trânsito de São Paulo (De­tran.SP), mostra que o risco de morte em acidentes de trânsito triplica quando há fuga do condutor.

A análise contempla da­dos do Movimento Paulista de Segurança no Trânsito (Infosiga-SP) de janeiro a setembro deste ano e aponta 4,1 mil ocorrências com esse perfil, vitimando 331 pes­soas, principalmente pedes­tres. Neste domingo, 15 de novembro, será lembrado o Dia Mundial em Memória às Vítimas de Trânsito.

O levantamento do pro­grama Respeito à Vida analisa a letalidade das ocorrências a partir da relação entre aci­dentes e fatalidades. Em vias urbanas, as estatísticas do In­fosiga-SP apontam que há 57,8 acidentes para cada óbito. Já nas ocorrências com fuga do condutor, a relação passa para 18,9 acidentes para cada óbito. Ou seja, a incidência de óbito é 3,1 vezes maior quando há evasão do local.

A situação é semelhante nas rodovias. A relação pas­sa de 12,3 para 3,6 acidentes por óbito quando há fuga do condutor, índice 3,4 vezes maior. “O principal risco des­se tipo de atitude é a omissão de socorro, que reduz a pos­sibilidade de sobrevivência das vítimas”, explica o dire­tor-presidente do Detran.SP, Ernesto Mascellani Neto.

“O levantamento traz luz a um problema real de nos­sas ruas e rodovias. É preci­so mudar esse tipo de com­portamento, sermos mais prudentes e responsáveis no trânsito”. Cerca de 85% dos acidentes com abandono do local pelos condutores ocor­reram em vias urbanas, que também abrigam a maior parte das fatalidades (54%).

Em 64% dos casos, os aci­dentes foram no período no­turno. Os tipos de acidente mais comuns são os atropelamentos e as colisões traseiras (26% cada). Segundo o levantamento, entre janeiro e setembro deste ano, houve 4.152 ocorrências com fuga do condutor.

Também foi identificado que acidentes com este perfil culminaram na morte de 331 pessoas. Dessas vítimas, 47% eram pedestres, seguidas por motociclistas (32%), ocupan­tes de automóveis (13%) e ciclistas (8%). O estudo tem como base os boletins de ocorrência que compõem as estatísticas do Infosiga-SP.

Penalidades
De acordo com o Código de Trânsito Brasileiro, a fuga do local do acidente é consi­derada uma infração passível de multa e de até seis meses de detenção. Caso haja feri­dos, também pode se confi­gurar a omissão de socorro, elevando a possibilidade de detenção para um ano.

“Aproximadamente 94% dos acidentes acontecem por falha humana. Dessa for­ma, o condutor deve sempre adotar procedimentos e ter iniciativas que evitem o aci­dente de trânsito”, afirma o comandante do Comando de Policiamento de Trânsito do Estado, Coronel Alexander Gomes Bento.

“Caso aconteça, o moto­rista não deve fugir às suas responsabilidades, sendo a mais importante providen­ciar o imediato socorro à pes­soa ferida. Lembrando que o CTB não é omisso nesse as­pecto, prevendo, conforme o caso, além da multa, a pena de detenção”, diz.

A omissão de socorro é um problema real quan­do se tem como referência a chamada “hora de ouro”. O conceito, adotado por espe­cialistas no atendimento a vítimas de acidentes, vem de estudos sobre traumas e leva em conta a relação direta en­tre o tempo de salvamento e a chance de sobrevivência.

“Cada minuto conta. Acionar imediatamente o serviço de socorro é primor­dial para o devido atendi­mento médico. Em geral, a estimativa é de que a chance de sobrevivência cai em 10% a cada hora”, destaca Júlia Greve, professora do De­partamento de Ortopedia e Traumatologia da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP).

Canais de emergência
Em caso de acidente, é importante saber quais são os canais de atendimento para solicitar o socorro. Em vias urbanas, o cidadão pode ligar para o 190 (Polícia Militar) e 193 (Corpo de Bombeiros). Há ainda a opção do 192, do Serviço de Atendimento Mó­vel de Urgência (Samu).

Já nas rodovias, podem ser acionadas as equipes de emer­gência do DER (0800 055 55 10), Polícia Militar Rodoviária (11 3327-2727) e Agência de Transportes do Estado de São Paulo (Artesp, 0800 727 83 77). Rodovias operadas pelas con­cessionárias também possuem canais próprios para atendimen­to médico e mecânico em pista.

Dia Mundial em Memória às Vítimas de Trânsito
Instituído pela Assem­bleia Geral das Nações Uni­das, o terceiro domingo de novembro marca o Dia Mun­dial em Memória das Vítimas de Trânsito. Este ano, a data será lembrada em 15 de no­vembro. O objetivo é pro­mover uma reflexão sobre a segurança no trânsito, que mata 1,5 milhão de pessoas em todo o mundo. No Brasil, são mais de 35 mil fatalidades por ano, a segunda causa ex­terna de morte.

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