A Câmara dos Deputados aprovou nesta quinta-feira, 19 de agosto, projeto que amplia o acesso da população de baixa renda ao programa Tarifa Social, que concede descontos escalonados na conta de luz. A proposta segue agora para a sanção presidencial. O projeto já tinha passado pela Casa, mas foi alterada pelo Senado e teve de voltar para a análise dos deputados.
Pelo texto, as distribuidoras de energia poderão inscrever consumidores no programa de forma automática. Atualmente, essa atribuição pertence apenas ao Ministério da Cidadania e à Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel). Além disso, para obter o subsídio, os beneficiários precisam procurar as prefeituras e as empresas, além de provar que se enquadram nos critérios do programa, definidos em lei.
“É um dos projetos mais importantes deste ano. Vai atender milhões de pessoas quando a inflação galopa e falta comida”, afirmou o relator do projeto na Câmara, o deputado Leo Moraes (Podemos-RO). No Senado, o relator, senador Zequinha Marinho (PSC-PA), incluiu em seu parecer que a lei deverá entrar em vigor 120 dias após a sanção.
Têm direito ao desconto cerca de onze milhões de famílias. Para ser enquadrado na categoria como consumidor de baixa renda, o cliente precisa ter ganho mensal per capita de, no máximo, meio salário mínimo (de R$ 550) e atender a pelo menos uma das condições exigidas nos programas sociais do governo federal, via Cadastro Único (CadÚnico).
Neste ano, o programa terá custo de R$ 3,6 bilhões, valor que é embutido na conta de luz de todos os consumidores. Em média, cada família consome 126 quilowatts-hora (kWh) mensais e recebe um desconto de R$ 24,00. A Aneel estima que há subnotificação e que quase 17 milhões de famílias estariam aptas ao subsídio.
Na Câmara, o relator rejeitou uma alteração do Senado para estender o benefício àqueles que moram em empreendimentos habitacionais de interesse social e dos programas Minha Casa Minha Vida e Casa Verde e Amarela, com renda entre 1 e 1,5 salários mínimos. A oposição tentou, por meio de destaque, manter essa ampliação, mas foi derrotada.
O programa Tarifa Social concede descontos escalonados na conta de luz de consumidores de baixa renda – de 65% para os primeiros 30 kWh consumidos; 40% de 31 kWh a 100 kWh; 10% de 101 kWh a 220 kWh; e zero a partir de 221 kWh. Indígenas e quilombolas têm 100% de desconto caso consumam até 50 kWh; 40% entre 51 kWh e 100 kWh; 10% de 101 kWh a 220 kWh; zero a partir de 221 kWh.
Levantamento realizado pela CPFL Paulista, em fevereiro, mapeou 36 mil clientes nas regiões de Ribeirão Preto e Franca que ainda não eram cadastrados como baixa renda e podem ter o benefício do desconto nas contas de energia.
Em Ribeirão Preto, a CPFL Paulista atende cerca de 322,8 mil clientes. Destes, 7.677 estavam cadastrados na tarifa social e outros 6.181 poderiam pedir o benefício, segundo a concessionária. Sertãozinho tem 4.242 consumidores e 1.758 de baixa renda estavam fora da lista. Jaboticabal tinha 2.944 unidades consumidoras elencadas e potencial para envolver mais 1.450.