O projeto “Conservação e Restauração do acervo do Museu Histórico e de Ordem Geral Plínio Travassos dos Santos”, contemplado no edital nº 18/2018 do Programa de Ação Cultural (ProAC), da Secretaria de Estado da Cultura e Economia Criativa de São Paulo, encontra-se em pleno andamento. Os restauradores da AVD Arte & Restauro, de Adriana Vera Duarte, começaram os trabalhos em fevereiro deste ano – contemplam a restauração de 86 obras do extenso acervo do equipamento cultural de Ribeirão Preto.
Trata-se da conservação e restauração de pinturas e esculturas que compõem o acervo e melhorias na reserva técnica do Museu Histórico Plinio Travassos dos Santos, localizado no campus ribeirão-pretano da Universidade de São Paulo (USP), no Complexo dos Museus Municipais, um conjunto arquitetônico que inclui também o Museu do Café Coronel Francisco Schmidt.
Ambos são tombados pelos conselhos de Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e Turístico do Estado de São Paulo (Condephaat) – órgão vinculado ao Estado – e Municipal de Preservação do Patrimônio Cultural (Conppac) – ligado à Secretaria Municipal da Cultura.
Com 17 mil metros quadrados, abriga também o Museu do Café, local onde era a sede da antiga Fazenda Monte Alegre, que foi, no final do século XIX e início do século XX, uma das mais importantes produtoras do grão da região, constituindo-se em um referencial histórico-cultural para a cidade de Ribeirão Preto relacionado a este período histórico.
Além da conclusão das reformas na edificação, que estão em andamento, as melhorias na reserva técnica, a conservação e restauração das principais obras serão suficientes para que a instituição realize atividades educativas e culturais em suas instalações (“Ateliê Aberto” e “oficina de conservação”), exposições e promova novas pesquisas, principalmente na região de Ribeirão Preto.
Em 31 de outubro do ano passado, a prefeitura de Ribeirão Preto assinou convênio com os cursos de Arquitetura e Engenharia do Centro Universitário Moura Lacerda para o desenvolvimento do projeto de restauro do Complexo dos Museus Municipais de Ribeirão Preto. Eles fazem o levantamento métrico, histórico e fotográfico das edificações para, a partir daí, elaborar um plano arquitetônico completo.
A partir deste projeto, a prefeitura poderá estimar o valor da restauração dos prédios e o cronograma de execução, além de ter subsídios para lançar edital de licitação ou de chamamento público e definir quem será o executor do projeto final da intervenção e, então, dar início ao processo de reforma e restauro do local.
Os locais estão fechados à visitação para a salvaguarda de seu acervo e edificações, dependendo da reforma e do restauro para a reabertura. Segundo o diretor do Complexo de Museus, Júnior Souza, o convênio tem prazo de duração até novembro de 2019 e, assim que finalizado, o projeto será submetido à aprovação do Conselho Municipal de Políticas Culturais, do Conselho Municipal de Preservação do Patrimônio Cultural (Conppac) e do Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e Turístico (Condephaat).
Se for aprovado, será encaminhado à Secretaria de Cultura do Estado de São Paulo e à Secretaria Especial da Cultura. Ele explica que, assim, será possível captar recursos por meio de leis estaduais e federais de incentivo à cultura, como o Programa de Ação Cultural (ProAC) e a Lei Rouanet, respectivamente; além da possibilidade de parcerias público-privadas (PPPs). A prefeitura de Ribeirão Preto foi condenada a restaurar o Complexo dos Museus Municipais até o final de 2020.
A sentença foi expedida pelo juiz Gustavo Lorenzato, da 1ª Vara da Fazenda Pública, em 11 de dezembro do ano passado, determinou prazo de dois anos para conclusão das obras. A decisão também obriga a prefeitura a recuperar o acervo no prazo máximo de um ano – já está sendo feito. O convênio com o Moura Lacerda para elaboração de projeto de restauração e reforma dos locais deverá ser entregue até outubro deste ano.
Tanto o Histórico e de Ordem Geral, quanto o do Café Coronel Francisco Schmidt estão fechados ao público desde 2016 por causa de deteriorização, infestação de cupins e risco de desabamento e incêndio. Entre as ações que foram impostas pela Justiça estava o monitoramento e o controle ambiental para preservar o acervo de umidade, o controle de vetores e pragas, a elaboração de projeto para obtenção do Auto de Vistoria do Corpo de Bombeiros (AVCB), obras para cessar infiltrações e o risco de incêndio, além de segurança no local durante 24 horas por dia.
Entre as ações que serão desenvolvidas está a pesquisa histórica – que irá compreender o antigo uso residencial e as adaptações feitas no decorrer do tempo –, levantamento métrico e arquitetônico – para obtenção de dados técnicos para os trabalhos de restauração – e análise arquitetônica, entorno imediato, identificação de materiais e sistemas – elaboração de um relatório que organiza o conjunto de dados e informações obtidas.
Os museus
Com o objetivo de contar a história do “ciclo do café” em Ribeirão Preto e no Brasil, Plínio Travassos dos Santos começou a recolher e colecionar objetos alusivos a cultura do “ouro verde”. Em 20 de janeiro de 1955, já com um número significativo de objetos, foi inaugurado o Museu do Café, instalado provisoriamente, em três salas e três corpos das varandas que circundam o edifício do Museu Histórico. O prédio do Museu do Café Coronel Francisco Schmidt foi inaugurado oficialmente em 26 de janeiro de 1957, no campus da Universidade de São Paulo (USP).
O Museu Histórico e de Ordem Geral começou a sair do papel em 1938, por iniciativa do seu patrono Plínio Travassos dos Santos. Com o objetivo de criar um Museu em Ribeirão Preto. A criação foi oficializada em julho de 1949. Em 1950, o município recebeu por empréstimo a casa-sede (antigo Solar Schmidt) da Fazenda Monte Alegre. Este imóvel e a área circundante foram posteriormente doados (em regime de comodato) mediante autorização legal. Em 28 de março de 1951, instalado definitivamente no antigo Solar Schmidt, o museu foi inaugurado, com as seções Artes, Etnologia Indígena, Zoologia, Geologia e Numismática.
Os Museus Histórico e do Café abrigam um dos mais importantes acervos relacionados ao café, formado por cerca de três mil objetos, dentre eles documentos históricos, fotografias, numismática, etnologia indígena, mineralogia, mobiliário, indumentária, além de obras de arte como pinturas e esculturas de artistas de renome como Victor Brecheret, Rodolfo Bernardelli, José Pereira Barreto, Tito Bernucci, Oscar Pereira da Silva, J. B. Ferri, Odete Barcelos, Colette Pujol, muitas com temática histórica.