O Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) teve abstenção de mais de 50%, um recorde histórico. No domingo, 17 de janeiro, após a primeira etapa de provas impressas, o ministro da Educação, Milton Ribeiro, culpou “o medo a respeito da contaminação” e a “mídia”, que, segundo ele, fez um trabalho contrário ao teste.
Faltaram ao primeiro dia de provas 2.842.332 milhões de candidatos, 51,5% do total de inscritos para a versão impressa – 5.523.029 estudantes. A segunda etapa será no próximo domingo, dia 24. São 14 mil locais de prova e 205 mil salas em todo o Brasil. O Enem digital está marcado para os dias 31 de janeiro e 7 de fevereiro. São 48.349 estudantes de 19 cidades da macrorregião de Ribeirão Preto.
A capital regional (16.250) e Franca (8.063) concentram aproximadamente a metade dos cadastrados. Os demais são de Barretos (2.915), Barrinha (660), Batatais (1.697), Bebedouro (1.837), Cajuru (519), Guaíra (771), Ituverava (2.136), Jaboticabal (2.326), Monte Alto (936), Orlândia (1.506), Pitangueiras (577), Pontal (812), Santa Rosa de Viterbo (892), Serrana (926), Sertãozinho (3.130), São Joaquim da Barra (1.455) e Taquaritinga (941 inscritos).
O presidente do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), Alexandre Lopes, e Ribeiro, falaram sobre balanço do primeiro dia de aplicação do Enem, que ocorreu domingo em todo o país, à exceção do Estado do Amazonas, em que as provas foram adiadas por causa do estado de calamidade pública causado pela pandemia de covid-19.
O Ministério da Educação (MEC) considerou um sucesso a edição do exame realizada em meio à pandemia de covid-19. Até então, o maior índice de faltas havia sido registrado em 2009, com 37,7%. Na última edição do Enem, de 2019, a abstenção atingiu 23% dos inscritos, que não compareceram aos locais de prova.
“Qualificamos como sucesso porque, no meio de uma crise, numa pandemia, nós conseguirmos mobilizar milhões de pessoas de maneira segura, para mim, foi um sucesso. Estamos em situação de calamidade. Ainda por cima temos uma questão política de mídia contra, falando e criticando a realização do exame. Nesse ponto, acredito que foi um sucesso. Para os alunos que puderam fazer a prova, foi um sucesso”, disse Ribeiro.
Lopes diz que o órgão ainda vai analisar detidamente os motivos da abstenção. No entanto, sugeriu que alguns fatores podem ter influenciado para o não comparecimento. Entre eles, o fato de esta edição ter contado com elevada quantidade de não pagantes, cerca de 80% dos inscritos. Em razão da pandemia, a concessão de isenções foi flexibilizada.
O não pagamento pode ter funcionado como desincentivo. Os candidatos fizeram as provas objetivas de linguagens e ciências humanas, com 45 questões cada, e a prova de redação. Os portões foram abertos às 11h30 – meia hora mais cedo que o habitual, para evitar aglomerações na entrada. As provas começaram a ser aplicadas às 13h30, com término às 19 horas.
Os candidatos do Enem que apresentaram sintomas ou diagnóstico de covid-19 na véspera ou no primeiro dia de prova poderão solicitar a reaplicação da prova entre os dias 25 e 29 de janeiro, na página do participante. Estudantes do Paraná, Santa Catarina e Rio Grande Sul relataram não terem conseguido acessar os locais de prova por decisão das equipes de aplicação locais.
O Inep ainda não se pronunciou sobre estes casos. Também foram vistas aglomerações em escolas e locais de aplicação, apesar da recomendação de uso de máscaras e distanciamento social. No domingo, o exame teve como tema Linguagens, Códigos e suas Tecnologias, Redação e Ciências Humanas e suas Tecnologias.
Foram 45 questões de múltipla escolha sobre língua portuguesa, literatura, língua estrangeira (inglês ou espanhol), artes, educação física e tecnologias da informação e comunicação, história, geografia, filosofia e sociologia. No dia 24, os temas abordados serão Ciências da Natureza e suas Tecnologias e Matemática e suas Tecnologias, com perguntas sobre química, física, biologia e matemática.