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Absorventes encalham em RP

MARCELLO CASAL JR./AG.BR.

Os 3.250 absorventes ín­timos comprados pela Secre­taria Municipal de Educação, em agosto de 2021 por meio de pregão eletrônico, encalharam nas escolas de Ribeirão Preto. O produto seria distribuído para alunas em situação de vulnera­bilidade social.

Os absorventes estão dispo­níveis nas 31 escolas de ensino fundamental (Emef) de Ribei­rão Preto, mas não provocaram o interesse das estudantes. A en­trega começou a ser feita no iní­cio do ano letivo de 2022, mas, segundo apuração feita pelo Tribuna, no máximo duas estu­dantes em cada escola se interes­saram em receber o produto.

A Secretaria da Educação confirma a baixa procura, mas sem divulgar números. Infor­ma ainda que não tem, neste momento, levantamento sobre os motivos para a recusa e nem divulgou quantas estudantes do sexo feminino estão matricu­ladas no ensino fundamental, que tem 23.296 no total.

Devido à baixa procura, segundo a Secretaria Muni­cipal de Educação, não existe previsão para nova aquisição. Com a compra dos 3.250 ab­sorventes o município investiu R$ 13.487,50 num certame que teve como vencedora a empresa Jenifer Jessica Azevedo.

Ribeirão Preto tem lei que obriga a distribuição de ab­sorventes para as estudantes das escolas municipais. Apro­vado em 2021, o projeto foi vetado pelo prefeito Duarte Nogueira (PSDB) sobre justi­ficativa de vício de iniciativa. Entretanto, o veto foi derru­bado pelos vereadores e a lei foi promulgada pelo então presidente da Câmara, Ales­sandro Maraca (MDB).

A constitucionalidade da lei está sendo questionada pela pre­feitura no Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo (TJ/SP). O projeto é de autoria da vereadora licenciada Gláucia Berenice (Re­publicanos) – no ano passado, deixou a Câmara para assumir a Secretaria Municipal de Assis­tência Social (Semas).

A proposta estabelece que a Secretaria Municipal da Educação deve ser responsá­vel pelo fornecimento do pro­duto em quantidade necessá­ria para as estudantes. Desde 2021, o governo de São Paulo também realiza a distribuição de absorventes para estudan­tes por meio do Programa Dignidade Íntima. A rede es­tadual conta com 1.300.000 alunas em idade menstrual, entre dez e 18 anos.

Desse total, mais de 500 mil estão inscritas no Cadas­tro Único do Governo Federal (CadÚnico) e são conside­radas vulneráveis, enquanto que 330.000 estão em situação de extrema pobreza. Mais de 290.000 alunas são beneficiá­rias do programa federal Bol­sa Família.

Governo federal
No começo de março, o Ministério da Saúde anunciou que vai assegurar a oferta de absorventes pelo Sistema Úni­co de Saúde (SUS), com foco na população que está abaixo da linha da pobreza. De acor­do com o ministério, cerca de oito milhões de pessoas serão beneficiadas pela iniciativa que prevê investimento de R$ 418 milhões por ano.

A nova política segue os critérios do Programa Bolsa Família, incluindo estudantes de baixa renda matriculados em escolas públicas, pessoas em situação de rua ou de vul­nerabilidade social extrema. Também serão atendidas pes­soas em situação de privação de liberdade e que cumprem medidas socioeducativas.

O ministério acrescenta que o programa, voltado a todas as pessoas que menstruam, al­cançará mulheres cisgênero, homens trans, pessoas trans masculinas, pessoas não biná­rias e intersexo. A distribuição é garantida pela lei federal 14.214 de 2021, mas o governo do en­tão presidente Jair Bolsonraro (PL) foi contra a política.

O texto, aprovado pelo Se­nado em setembro de 2021, foi sancionado pelo então pre­sidente da República Jair Bol­sonaro que, no entanto, vetou a distribuição gratuita dos ab­sorventes. O veto presidencial foi derrubado em março do ano passado pelo Congresso Nacional.

No mesmo mês, Bolsona­ro decidiu regulamentar a dis­tribuição. Em novembro de 2022, o Ministério da Saúde lançou o Programa de Pro­teção e Promoção da Saúde Menstrual, com a promessa de atender a quatro milhões de mulheres em todo o país.

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