Um abaixo assinado com 5.337 assinaturas coletadas pela Organização Não Governamental (ONG) Associação Cultural e Ecológica Pau Brasil pede que a prefeitura de Ribeirão Preto invista recursos no plantio de árvores. A entidade comanda a Campanha “Tá com Calor? Plante árvores”.
Na terça-feira, 5 de dezembro, o grupo entregou o documento ao vereador Marcos Papa (Podemos), presidente da Comissão Permanente de Meio Ambiente, Sustentabilidade e Mobilidade Urbana da Câmara. Eles querem que o documento seja enviado ao Executivo junto com uma emenda parlamentar solicitando o redirecionamento de R$ 1,5 milhão do orçamento municipal do próximo ano para o plantio de árvores.
A emenda foi aprovada no projeto de Lei Orçamentária Anual (LOA) e agora será enviada para análise do prefeito Duarte Nogueira (PSDB).
Segundo o vereador Marcos Papa (Podemos), o orçamento municipal do próximo ano, estimado em R$ 4,86 bilhões não prevê nenhum recurso para arborização. Na justificativa e detalhamento da emenda, Papa ressaltou que o recurso deve ser usado para elaborar e implantar o Plano Estratégico do Sistema de Áreas Verdes e Arborização Urbana, incluindo projetos urbanos com desenhos técnicos por bairro e início do plantio nas vias públicas, priorizando os bairros com baixa cobertura arbórea.
Também enfatiza que estudos científicos de Ecologia e Climatologia Urbana indicam que uma cidade de porte médio ou grande precisa ter, no mínimo, 30% de sua área urbanizada coberta por vegetação e que, somente a partir desta quantidade, é possível detectar que a presença do verde influencia no balanço térmico da cidade.
“Esse indicador é uma referência. É óbvio que cidades distantes do mar, localizadas nos trópicos e com taxas elevadas de ocupação do solo e de verticalização, precisam ter índices ainda mais elevados de cobertura vegetal. É muito provável que 30% para Ribeirão Preto não seja suficiente para arrefecer o calor, sobretudo nos frequentes dias do ano em que as temperaturas são muito elevadas – superior a 35°C”, afirma.
Déficit verde
Dados da Secretaria Municipal do Meio Ambiente de Ribeirão Preto estimam que a cidade possui um déficit de 50% de área verde em canteiros e calçadas. Os dados foram captados por meio de um inventário arbóreo feito entre março e novembro de 2021. O documento está sendo usado como base para a elaboração de um plano municipal de arborização urbana.
Os pesquisadores analisaram 290,8 quilômetros lineares de calçadas e canteiros em ruas e avenidas e identificaram, nesse trecho, 28.811 vazios arbóreos, que são espaços que poderiam ter algum tipo de área verde.
O relatório foi feito por uma empresa terceirizada contratada pela pasta com verba do fundo do Meio Ambiente, aprovada pelo Conselho de Defesa do Meio Ambiente (Condema). Esse é o primeiro fichamento completo sobre as áreas verdes no espaço linear da cidade.
Plantio voluntário
A Secretaria de Meio Ambiente afirma que mantém iniciativas para o incentivo e conscientização sobre a importância do plantio, por meio do Programa Plantio Voluntário que realiza o apoio aos interessados em tornar a cidade mais verde.
A coordenação é feita pela Divisão de Áreas Verdes da Secretaria que seleciona as áreas públicas adequadas e viáveis para o plantio. Nesse contexto, são criteriosamente escolhidas áreas que se mostram propícias para o desenvolvimento do exemplar arbóreo, sendo este um processo cuidadosamente planejado.
Os técnicos conduzem uma análise minuciosa da área, determinando o espaçamento ideal para o plantio e selecionando espécies que sejam mais adequadas às características do local. Essa abordagem estratégica visa otimizar os resultados e promover um impacto positivo duradouro no ambiente urbano. Nos anos de 2022 e 2023 foram incentivados os plantios de aproximadamente 4.200 novas mudas plantadas em áreas públicas com a participação de voluntários.
Os interessados em realizar plantios voluntários devem acessar o site da Secretaria do Meio Ambiente – www.ribeiraopreto.sp.gov.br/portal/meio-ambiente -, seguir as orientações apresentadas na cartilha de Plantio Voluntário. A formalização do pedido tem como objetivo evitar futuras intervenções severas de podas e extrações, visto que as árvores em áreas públicas coexistem com equipamentos urbanos como postes de iluminação, semáforos, passeios, edificações, fiações elétricas e telefônicas, como também podem interferir no trânsito de veículos e pedestres.