O programa de rádio A Voz do Brasil completou 85 anos nesta quarta-feira, 22 de julho. Idade avançada para pessoas e para instituições no país. Uma frase atribuída a Leonardo da Vinci, que morreu idoso para o seu tempo (aos 67 anos), sentencia que “a vida bem preenchida torna-se longa”.
Em oito décadas e meia, A Voz do Brasil preencheu a vida dos ouvintes com notícias sobre 23 presidentes, em mandatos longínquos ou breves. Cobriu doze eleições presidenciais, e manteve-se no ar durante a vigência de cinco constituições (1934, 1937, 1946, 1967 e 1988). O programa cobriu a deposição dos presidentes Getúlio Vargas (1945) e João Goulart (1964).
Também cobriu o suicídio de Vargas (1954), a redemocratização do país em dois momentos (1946 e 1985), o impeachment e renúncia de Fernando Collor (1992) e o impeachment de Dilma Rousseff (2016). Além de notícias dos palácios do governo federal, A Voz do Brasil levou aos ouvintes informações sobre a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).
O programa narrou as conquistas do país em cinco edições de Copa do Mundo e a derrota em duas – a mais traumática em 1950. A Voz registrou a inauguração de Brasília (1960) e cobriu a morte de ídolos como Carmen Miranda (1955) e Ayrton Senna (1994). Pelo rádio, e pela A Voz do Brasil, muitos brasileiros souberam da invenção da pílula anticoncepcional (1960).
Foi por meio do programa que os brasileiros souberam da descida do homem na Lua (1969), dos primeiros passos da telefonia móvel (1973), da queda do Muro de Berlim (1989) e da clonagem da ovelha Dolly (1998). A longevidade do programa A Voz do Brasil é assunto de interesse de historiadores e pesquisadores da mídia de massa no país.
Curiosidades
A Voz Brasil nem sempre teve como trilha sonora de abertura trecho da ópera O Guarani (1870), de Carlos Gomes. O Hino da Independência (1822), composto por Dom Pedro I, e Aquarela do Brasil (1939), de Ary Barroso, também serviram para marcar o início do programa.
Além de trilhas diferentes, o programa teve nomes diferentes. Entre julho de 1935 e dezembro de 1937, se chamou Programa Nacional. Em janeiro de 1938, foi rebatizado como A Hora do Brasil. Em setembro de 1946, ganhou finalmente o nome A Voz do Brasil, como registra o livro “Hora do Clique: Análise do Programa de Rádio Voz do Brasil da Velha à Nova República”, de Lilian Perosa.
Além de nomes diferentes, o programa teve horário, formato e conteúdo distintos do atual: um radiojornal, a partir das 19 horas, dividido entre os Três Poderes da República, narrando fatos e decisões ligadas à Presidência da República, ao Congresso Nacional, à Justiça e ao Tribunal de Contas da União.