A educação básica pública no Estado mais rico da federação, e em Ribeirão Preto encontram-se há muito tempo na UTI, e a pandemia da covid-19 só escancarou uma situação que já era dramática. A pandemia não produziu de imediato na cidade os seus efeitos nefastos, e a maioria achava prematuro o isolamento social iniciado em 23 de março, como no Brasil o costume vezo de ter lei que pega e lei que não pega, o isolamento foi para inglês ver.
E como não há um planejamento perene para a educação municipal, a Secretaria Municipal de Educação achou que a pandemia em nossa cidade seria suave, e que as aulas presenciais retornariam logo, e por conta disso não se preocupou com medidas organizacionais para ter um ensino remoto que atendesse a todos os educando.
No entanto, Ribeirão Preto caminhou para o epicentro da doença, e as medidas paliativas foram atropeladas. O debate agora é como e quando poderemos ter a volta das aulas presenciais, mas as atuais condições estruturais das escolas, por causa do negligenciamento histórico é um fator quase intransponível para o retorno ainda este ano.
A rede Municipal de Educação há tempos vem sofrendo com o descaso das autoridades, prova disso é que até o ano passado mais de 70% das unidades escolares não possuíam o Alvará dos Bombeiros, e as que possuíam estava vencido, uma situação inadmissível para uma cidade que está entre as mais ricas do País. E essa situação deplorável de abandono estrutural ceifou a vida de um estudante de 12 anos, sem falar que diversos incidentes de menor gravidade que ocorreram pela rede, e a alegação das autoridades para está situação aviltante é sempre a falta de dinheiro.
O Plano São Paulo marca para o dia 08 de setembro o início das aulas presenciais, em cidades que permaneçam por 28 dias consecutivos na fase 03 (amarela). Acontece que a volta das aulas não dependem exclusivamente do mapa atualizado, e da estabilização na fase amarela. É imprescindível que haja uma avalição de cada unidade escolar dentro do protocolo instituído pela OMS (Organização Mundial da Saúde). No entanto, o histórico de negligenciamento com as escolas da Rede Municipal, nos faz ficar em alerta máximo com esse açodamento para que aulas presencias retornem ainda este ano.
O baixo percentual de mortes pela covid de crianças e adolescentes, não garante que sejam assintomáticos, pois a maioria está confinada em suas casas. São visíveis as nuanças neste jogo de interesses, pois quem vive a realidade do chão da escola sabe de cátedra que os recursos matérias e financeiros não chegam de maneira equânime em todas as unidades escolares.
Portanto falar em volta das aulas presenciais é colocar em risco a vida de milhares de crianças e adolescentes, que estarão expostas ao vírus. Atualmente, tanto o governo estadual, quanto o governo municipal não conseguem fazer a testagem em massa de suas populações, e os que são feitos ficam represados por longo período. E é neste contexto de inabilidade para tratar a pandemia, que querem colocar de volta os estudantes nas escolas.
A pandemia só escancarou a situação periclitante que vive a educação pública nas duas redes, com educandos chegando ao 5º ano do ensino fundamental analfabetos, com a escamoteação da inclusão dos alunos com deficiência, um formato de escola fincado no século 19, que causa prejuízos imensuráveis na vida dos educandos. O momento agora é de reflexão e de percorrer novos caminhos, a escola precisa exercer o seu papel de formadora da cidadania, que só se constrói no chão da escola, com a participação de todos como manda o artigo 5º da Constituição.