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A virada do Instituto Butantan

O Instituto Butantan, principal produtor de soros e vacinas para o SUS (Sistema Único de Saúde), vem passando por uma grande transformação ao longo dos últimos três anos. Partimos da percep­ção de que a instituição poderia cumprir um papel maior do que já tem, como centro de excelência em saúde, pesquisa e ciência. O grande salto será torná-lo, de fato, uma grande indústria de produtos biofarmacêuticos relevantes com capacidade para atender ao merca­do nacional e internacional.

Esse potencial, antes inexplorado, se tornará realidade em muito pouco tempo. Um dos projetos mais importantes nesse sentido será o Centro de Produção de Vacinas (CPV), que terá capacidade para produzir sete diferentes vacinas. Com cinco mil metros quadrados, o centro, que será instalado junto à Cidade Universitária da USP, na zona oeste da capital paulista, receberá investimentos de US$ 450 milhões por meio de financiamento de um banco de fomento. Isto é, não terá um centavo de dinheiro público.

Do CMPV do Butantan sairão vacinas contra Hepatite A, HPV, He­patite B, Difteria, Tétano, Coqueluche e HiB (Haemophilus influenzae do tipo B), que passarão a ser produzidas integralmente pelo instituto, sem necessidade de terceirização. Elas serão disponibilizadas ao Programa Nacional de Imunizações do Ministério da Saúde, mas também poderão ter a produção ampliada para atender a outros países.

Com os investimentos no novo centro a capacidade de produção no instituto poderá chegar a 10 milhões de doses de vacinas contra a Hepatite A, 63 milhões para hepatite B, 12 milhões de doses para HPV e, no caso da vacina DTP, centenas de milhões de doses.

Já a capacidade de produção da vacina influenza trivalente (H1N1, H3N2 e B) na fábrica do Instituto Butantan foi triplicada, com investi­mentos da ordem de R$ 80 milhões. Em 2020, para a campanha nacional de vacinação contra a gripe da rede pública, serão fornecidas 75 milhões de doses, mas o potencial da fábrica, hoje a maior do Hemisfério Sul, pode chegar a 140 milhões de doses ao longo de um ano todo. Já há con­versas com a OMS (Organização Mundial da Saúde) e a OPAS (Orga­nização Pan-Americana de Saúde) para que a vacina produzida em São Paulo possa ser disponibilizada ao Hemisfério Norte – evidentemente, com as cepas prevalentes naqueles países.

É preciso destacar, ainda, a parceria firmada entre o Butantan e a norte-americana MSD para a transferência de tecnologia da vacina tetravalente contra a dengue, o que corrobora a excelência interna­cional do instituto, ao colaborar mundialmente com o desenvolvi­mento de um imunobiológico para prevenir uma doença tropical presente em mais de 100 países.

O Butantan também tem investido fortemente em PDPs (Parce­rias para Desenvolvimento Produtivo), aprovadas junto ao Minis­tério da Saúde. Ainda neste semestre será entregue uma fábrica de anticorpos monoclonais que permitirá a produção de seis novos medicamentos, para tratamento de câncer e doenças autoimunes. O investimento é total é de R$ 80 milhões, dos quais metade destina­dos pela farmacêutica Libbs, parceira no projeto, e os outros R$ 40 milhões pela Fundação Butantan, entidade de natureza privada que presta apoio ao instituto.

Serão produzidos no novo laboratório os medicamentos Tras­tuzumabe (para tratamento de câncer de mama), Rituximabe (para linfoma), Bevacizumabe (para câncer de colo retal), Etanercepte (para artrite reumatoide, artrite psoriásica e psoríase), Adalimumabe (artrite reumatoide) e Palivizumabe (prevenção à infecção pelo Vírus Sincicial Respiratório). Os insumos, considerados estratégicos, serão fornecidos para o Sistema Único de Saúde (SUS). A nova fábri­ca consolidará o instituto como um dos poucos centros biomédicos do mundo a produzir e fornecer medicamentos de alto custo.

A virada do Instituto Butantan, que acaba de completar 119 anos, é fruto de uma importante mudança de mentalidade, uma visão empresarial e de negócios que trará benefícios à saúde pública do Brasil e do mundo.

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