“Todos os dias tomo uma dose de whisky ou vodka. Aos sábados, gosto de tomar uma cervejinha”. Foi assim que dona Yvone Morando Passos, de 91 anos, finalizou a entrevista, pedindo um beijo, um abraço e uma foto. A vitalidade, longevidade, simpatia e carisma que ela transmite são impressionantes.
Fomos acompanhar um dia de aula dela no Studio F3, academia que ela frequenta há cinco anos. Foi quase uma hora de muita energia. Acompanhada pela profissional de educação física, Miriane Godoy, que faz trabalhos com ela há mais de um ano, dona Yvone não cansou ao realizar atividades de força e coordenação.
“Trabalhamos com esses exercícios de força, flexibilidade e coordenação para que ela possa ter qualidade de vida e desempenhar suas funções diárias. Ela limpa casa, estende roupas no varal, cozinha. Então aplicamos exercícios que possam oferecer uma funcionalidade”, explica Miriane.
“Ah, eu faço isso mesmo. Não paro”, completa dona Yvone, ao afirmar que realmente leva uma rotina diária e que seus 91 anos não sejam limitadores. “Eu ajudo em casa. Depois gosto de fazer palavras cruzadas, ler bons livros. Durmo cedo e acordo cedo”, diz. A filha, a advogada Yeda Passos, de 66 anos, acompanha a rotina da mãe. “Somos grandes amigas. Ela é minha secretaria”, brinca.
“O curioso é que nunca praticou esportes, sempre gostou de dançar, mas nunca praticou atividades esportiva. Leva uma vida muito agitada, gosta de cozinhar, fazer café, ler, assistir filmes com legendas e sem óculos”, explica Yeda.
Ivone e Yeda, além dos exercícios funcionais fazem aulas de pilates. Não faltam às aulas e comemoram a qualidade de vida. “Minha mãe e eu não tomamos medicamentos. Felizmente nossos exames não apontam nada”, acrescenta.
Aroldo Costa Neto, profissional de Educação Física, especialista na área de exercício e saúde e diretor do Studio F3, explica a importância de pessoas acima dos 40 anos praticarem exercícios físicos com orientação e numa programação específica.
“Todos nós passaremos pelo processo fisiológico denominado sarcopenia, que é a redução do conteúdo muscular com o avanço da idade. Basta imaginar idosos sedentários (e limitados) com seus braços e pernas quase sem músculos. Esse evento limita gradativamente as funções do corpo humano, pois diminui a força e consequentemente o ato de ir e vir, que interfere diretamente sobre o condicionamento físico, reduzindo a autonomia e até a vontade de sair de casa”.
Sobre dona Yvone, Aroldo comenta que ela é uma das ‘meninas’ mais animadas da academia. “Se todos os homens e mulheres descobrissem o exercício físico como elemento de transformação da situação atual e reprogramação da vida, assim como a dona Yvone já inseriu em seu corpo, teríamos quedas drásticas nos números de fraturas em idosos, diabetes, hipertensão e doenças cardíacas causadas pela falta de força e condicionamento físico”, finaliza.