Valdir Avelino *
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Como preparar e transformar Ribeirão Preto em um Município mais justo, socialmente equilibrado, com qualidade de vida, acessível e com oportunidades de trabalho e renda para todos? Não há uma resposta para essa questão que não passe, necessariamente, pela reforma urbana. Não há como enfrentar e vencer a gravidade dos problemas urbanos sem tomar, como ponto de partida, a necessidade dessa reforma. Eu não tenho dúvida de que a situação vivida hoje em Ribeirão Preto não teria chegado a esse ponto se, na última década, os administradores estivessem menos atentos a interesses políticos e mais ligados à necessidade de grandes transformações em nossa cidade.
A política equivocada de planejamento imposta pelos gestores nos últimos anos impede a verdadeira democratização do direito à cidade. É pensado sempre em obras caras e que geram impacto nas áreas mais nobres, mas pouco se faz para readequar o espaço da cidade que não é utilizado ou que é utilizado de forma precária. A ideia – equivocada e atrasada – de estado mínimo abraçada pelos governantes impede a construção de moradias populares ou de espaços sociais públicos, que teriam a função de atender demandas como lazer, cultura, saúde, educação e tantos outros.
A falta de uma política efetiva para conter a especulação imobiliária tem criado em Ribeirão Preto verdadeiros “latifúndios urbanos”. Gigantescas propriedades ociosas e não utilizadas. Ainda é possível encontrarmos em todos os bairros de nossa cidade a existência de lotes vagos em zonas densamente habitadas. Sucessivos governos falharam em frear o crescimento desordenado da cidade. Além disso, as poucas ações públicas de investimentos em infraestrutura, acabam privilegiando somente as áreas mais nobres da cidade, não há qualquer tipo de política pública eficiente objetivando a realização de transformações nos espaços carentes de Ribeirão Preto, que não são poucos.
Ribeirão Preto cresce e se desenvolve muito pouco atualmente, pois, ao contrário do que diz a propaganda governamental, é uma cidade excludente, feita para poucos e voltada apenas para um setor do mercado. É preciso mudar rápido e profundamente essa cultura urbanística que empobrece o Município, a economia e as pessoas que aqui vivem e trabalham.
Além disso, tenho a esperança que os próximos governos se comprometam a instituir uma perspectiva de melhorar a forma com que a cidade funciona, valorizando os serviços e servidores públicos municipais, disponibilizando estruturas básicas em regiões periféricas. É preciso políticas públicas destinadas a reaproveitar os espaços subutilizados em nosso município e focadas em ampliar a verdadeira mobilidade urbana.
* Presidente do Sindicato dos Servidores Municipais de Ribeirão Preto, Guatapará e Pradópolis