Já ouvimos falar que atualmente o Brasil conta com uma pessoa na idade economicamente ativa recebendo Bolsa Família (BF) para cada 5 ou 4 trabalhadores no mercado de trabalho. Podendo ser que cheguemos a 3 trabalhadores por dependente do BF em pouco tempo. Apesar das francas evidências de que a produtividade é o determinante fundamental para aumento salarial, esta conclusão é deixada de lado pelos economistas, como bem descrito em Economics in One Lesson de Henry Hazlitt. A melhor forma de aumentar o salário ainda é elevando a produtividade marginal do trabalho, o que pode ser atingido com educação e treinamento; ou com acúmulo de capital (por exemplo em máquinas mais modernas e eficientes para os trabalhadores operarem). Entretanto, a visão de que todo o trabalho, genericamente, é mal remunerado levou a criação de programas como o BF que “competem” com os emprego e trabalhos, efetivamente, disponíveis.
Podemos notar a dificuldade de preencher vagas de trabalho, principalmente aqueles com menor especialização, no campo e na cidade, onde o BF dificulta a tomada de decisão do trabalhador aceitar um determinado emprego. O chamado pagamento alívio (relief payment) nos Estados Unidos da América também implica no mesmo efeito que o BF, haja visto que o trabalhador associa o salário oferecido como sendo, somente, a diferença entre o holerite e o que se pode ganhar sem trabalhar no BF ou no alívio. Assim sendo, as vagas não preenchidas por força desta “concorrência” resultarão em queda no Produto Interno Bruto por redução da produção de fato. Então a dependência criada pelo BF é um erro a ser corrigido.
Obra de governo é igual a impostos. Não haveria como o governo funcionar sem o necessário gasto, como corpo de bombeiros, exército, rodovias, prédios legislativos e muitos outros que são resultado de uma obra de governo. Entretanto, alguns defendem que os gastos do governo podem cobrir a deficiência da economia privada, como forma de gerar empregos onde a indústria está claudicante. Ou ainda com a criação de fundos públicos para, por exemplo, pagar seguro de vítimas de acidente automobilístico – o DPVAT. “Quando os impostos superam o suportável, o problema de inventar um imposto que não desencoraje e interrompa a produção se torna insolúvel” em tradução livre foi o que o economista Henry Hazlitt muito bem pontuou. No Brasil, a batalha travada junto ao congresso, visando direcionar as leis complementares a Reforma Tributária, para conseguir uma menor taxação no produto A ou produto B, evidencia ainda mais que já passamos do imposto suportável a tempos. Mais um erro a ser solucionado.
O próximo erro está por vir e será a ilusão da inflação. Caminhando a passos largos para uma crise fiscal, haverá um momento que a miragem da solução de imprimir papel moeda será bem quista por alguns economistas que confundem riqueza com dinheiro. Se o governo mergulhar no terceiro erro, podemos perder mais uma década de oportunidade e as palavras Fundo Monetário Internacional (FMI) voltaram a aparecer, justo quando o ex-presidente José Sarney, o último a assinar um calote nos pagamentos da dívida externa, fez sua festa de aniversário.