Tribuna Ribeirão
Esportes

A trajetória de Mariana Balbão, coordenadora da escolinha do Fluminense

O Brasil é conhecido mun­do a fora como o país do fute­bol. Mas, durante muitos anos, a modalidade foi praticada quase que exclusivamente pelo público masculino. Com mui­ta luta, dedicação e força de vontade de muitas mulheres, o futebol passou a abrigar e olhar com um pouco mais de carinho – não tanto, porque a diferença continua exorbitante, principal­mente em termos de salários – para o futebol feminino.

Entretanto, mesmo sem o devido incentivo, muitos sonhos já se foram, continuam e conti­nuarão surgindo nos corações de muitas garotas que também são apaixonadas pelo esporte.
De Ribeirão Preto, uma jo­vem e batalhadora, incentivada desde pequena pela família, ga­nhou o mundo, se formou nos Estados Unidos e hoje retorna para a cidade para coordenar um projeto ambicioso de um dos maiores clubes do Brasil.

Mariana Balbão, 26 anos, co­meçou no futebol ainda criança. De acompanhar os treinos do irmão, a pequena garota, que sempre mostrou talento com a bola nos pés, começou a trei­nar na Escolinha de Futebol Arte sob o comando de Mau­rão, que é considerado até hoje por Mariana um de seus maio­res incentivadores.

Em sua passagem pelo Santos, Mariana teve a oportunidade de
conhecer a craque Cristiane

“Eu sempre acompanhava o meu pai quando ele levava o meu irmão para treinar. Quan­do eu comecei a ver o futebol, eu me apaixonei de primeira. Pedi para o meu pai me dei­xar treinar e, por coincidência, tinha um horário para crian­ças da minha idade, entre 5 e 6 anos, logo na sequência. Foi onde eu comecei, sempre sen­do incentivada pelo Maurão. O mais engraçado é que mi­nha mãe queria que eu fizesse balé, ela tinha esse sonho, mas eu queria jogar futebol”, relem­brou Mariana.

A brincadeira de criança foi ficando mais séria e em 2008, Mariana foi jogar no Olé Bra­sil, extinto clube formador que existia em Ribeirão Preto na época, também sob o coman­do de Maurão.

Pelo Olé, Mariana teve a oportunidade de ir para os Es­tados Unidos e disputar a Dis­ney Cup. O terceiro lugar em solo norte-americano mostrou para a jovem jogadora outra realidade em relação à modali­dade. Ali começou o sonho de um dia jogar no país.

Depois do Olé Brasil, Ma­riana defendeu o time da cida­de de Ribeirão Preto e posterior­mente foi jogar na escolinha do Santos, em 2011. O bom desem­penho deu à jogadora a oportu­nidade de passar por testes para ser integrada ao elenco profis­sional do Peixe, que na época, contava com craques como a centroavante Cristiane.

Porém, o sonho de defen­der o Santos foi interrompi­do, porque no meio das ava­liações, o Alvinegro Praiano decidiu encerrar as ativida­des do futebol feminino por conta do alto investimento na renovação de Neymar.

“Em 2011 eu passei em três peneiras feitas pelo Santos na escolinha e tive a oportunida­de de participar de uma sele­tiva para o time principal, que na época era uma seleção. Eu acabei ficando sem resposta, porque na época, infelizmente o Santos acabou fechando a ca­tegoria por conta da renovação com o Neymar. Eu digo infe­lizmente pelo término da ca­tegoria, mas felizmente porque não aconteceu e outras portas se abriram para mim”, afirmou.

A vida ainda reservaria outro banho de água fria para Mariana. Em 2013, quando defendia as cores do Botafogo, sofreu uma grave lesão no joe­lho que a tirou dos gramados por quase um ano.

“No último jogo do campe­onato com o Botafogo, infeliz­mente eu sofri uma lesão séria e isso caiu como um balde de água fria. Cheguei a pensar que o futebol tinha acabado para mim. Mas eu nunca de­sisti e segui firme atrás do meu sonho”. Disse.

Estados Unidos
Depois de viver diversas situações no Brasil, Maria­na buscou alternativas para ir jogar nos Estados Unidos e encontrou um programa que levava atletas para passarem por um período de 10 dias de testes. A ribeirão-pretana foi destaque e conseguiu uma bol­sa integral na Mississippi Val­ley State University, no curso de administração.

Quando defendia o Olé Brasil, a jovem ribeirão-pretana faturou um terceiro lugar na Disney Cup

“Eu participei de uma se­letiva com técnicos de várias universidades. Foram 10 dias em que eu coloquei a minha vida em jogo. Fui aprovada em várias universidades, mas acabei indo para Mississippi Valley State University, que me ofereceu 100% de bolsa. Joguei e estudei lá por 3 anos e me formei em administração, foi uma experiência incrível”, con­tou a jovem que sempre faz questão de ressaltar a impor­tância do estudo.

Escolinha do Fluminense
A bagagem construída no futebol rendeu um convite para Mariana coordenar o futebol fe­minino da escolinha de futebol do Fluminense, que está che­gando a Ribeirão Preto.

“O convite para ser coorde­nadora da escolinha aqui em Ribeirão partiu de um ex-trei­nador meu, o André Vitaliano, que é head coach da nossa co­missão técnica e um grande in­centivador do futebol feminino. Ele me explicou o projeto e eu fiquei muito animada, porque eu já tinha muita vontade de fazer alguma coisa pelo futebol feminino da cidade”, afirmou.

“Nossa intenção é dar su­porte para as meninas, por­que no meu tempo eu tive que ir atrás, eu tive que bus­car uma maneira de ir para fora e aqui na escolinha, além de ter a ligação direta com o Fluminense, também temos o “Flu Experience” que dá a oportunidade dessas meni­nas disputarem campeonatos internacionais”, concluiu.

A escolinha do Fluminense em Ribeirão Preto fica locali­zada na Av. Itatiaia, nº 100. O projeto vai atender meninas com idade entre 11 e 20 anos. Os treinos serão realizados de duas a três vezes por semana. Os horários serão das 18h15 às 19h15 durante a semana e aos sábados das 9h30 às 10h30.

“Nossa escolinha tem al­guns diferenciais. As meni­nas serão monitoradas por nós e vamos acompanhar o desenvolvimento delas. Se a gente notar que ela tem mais potencial, vamos mostrar para o Fluminense e levar essas meninas para lá. Nossa intenção é levar jogadoras para o Rio de Janeiro e tam­bém para os Estados Unidos já esse ano”, revelou Mariana.

Sobre poder trazer mais oportunidade para o futebol feminino de Ribeirão Preto, Mariana disse estar feliz e reve­lou que participar desse proje­to é a realização de um sonho.

“Fico muito feliz de poder ser exemplo dentro da moda­lidade. É muito gratificante ter esse reconhecimento e cada vez mais quero poder incen­tivar outras meninas. Quero fazer com que elas tenham a mesma oportunidade que eu tive. O futebol é um agen­te transformador e vai muito além do esporte”, finalizou.

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