Tribuna Ribeirão
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A Topocracia quer manter tudo como sempre foi 

José Eugenio Kaça *  
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Criar um inimigo para sempre ter o que combater é a máxima do ser humano. E para materializar as visões que perturbavam o mundo desconhecido e invisível do seu subconsciente, surgiram as divindades que se dividiam entre o bem e o mal representando os desejos mais profundos dos seres humanos– e esse foi o pulo do gato. E com a terceirização os deuses e seres mitológicos assumiram as responsabilidades pelo bem e o mal, e os seres humanos passaram a ser adoradores da sua própria criação. 
 
E ao longo da jornada dos seres humanos sobre a Terra, essa luta se tornou eterna. Em alguns momentos o bem se sobrepõe ao mal, mas são momentos tão escassos como aqueles onde a felicidade esbarra na vida de alguém. Na outra ponta a força do mal é descomunal, pois está presente o tempo todo, em todos os lugares, e em muitas ocasiões a palavra “bem” é usada para justificar as atrocidades – coisas de seres humanos que não praticam a humanidade. | 
 
E nos dias de hoje, em pleno século 21, a luta da humanidade contra os demônios que habitam no seu interior – chegou a superfície. E estes seres opacos, quase sem luz, conseguiram sair da caverna, não para ver a luz, mas para trazer a escuridão, e encontraram uma estrada pavimentada para disseminar a mentira, o ódio e liberar todos os demônios que os acompanhava na caverna – criando os tempos sombrios que estamos vivendo, e esta estrada são as redes sociais. 
 
Criar situações conspiratórias, onde demônios e o comunismo tramam para tomar o poder em todo o mundo é a teoria que move essa gente demente, e o pior de tudo é ver que uma parcela significativa dos brasileiros fazem parte desta estrutura demoníaca. A frase: “gente de bem” tão em moda atualmente defini uma elite herdeira do escravagismo, preconceituosa, praticante duma crueldade secular, que lutam com unhas e dentes para manter tudo como sempre foi. É a “Topocracia”, regime de governo que só vê o topo da sociedade.  
 
A luta para que o Brasil algum dia seja uma Nação, sempre foi de um pequeno grupo de abnegados, que conseguiram em alguns momentos da história colocar um pouco de luz nos debates políticos, mas como a nossa combalida democracia, nunca permitiu a participação efetiva da população, a não ser para votar, fomos sendo engolidos pelos monstros da caverna. A maior conquista do País dos últimos tempos foi a Promulgação da Constituição de 1988 – chamada de Constituição cidadã. Essa conquista histórica, que nos aproximou de um modelo de Nação vem sofrendo ataques sistemáticos de grupos criminosos, que querem destruir a democracia. 
 
A terra é a mesma, o céu é o mesmo, os dias amanhecem e anoitecem sem interrupção, não há renovação, o que acontece hoje, já aconteceu no passado. E neste ambiente o ser humano embora tenha dominado algumas tecnologias, no comportamento individual vive a sazonalidade, e se acha moderno e atual, mas como o céu e a terra, os costumes que anoitecem tornam a amanhecer, e nada de novo acontece. A pandemia deixou mais de setecentas mil mortes no Brasil, mas não serviu para aproximar a população, e nem para abrir uma janela de esperança. No entanto o otimismo e as convicções que alguns seres humanos de espirito elevado cultuam vai fazer esta noite escura amanhecer, e os primeiros raios de sol vão mostrar que ainda temos que esperar, pois os demônios liberados da caverna ainda vão continuar fazendo estragos. 
 
* Pedagogo, líder comunitário e ex-conselheiro da Educação 

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