Feres Sabino *
advogadoferessabino.wordpress.com
Se para a ideólogos da terra plana, que procuram dar interpretação ideológica e política de tamanho nanico a qualquer ato ou fato, a acusação que imputa à China a responsabilidade pelo surgimento do coronavírus, para enfraquecer a economia das nações cristãs do mundo ocidental, já tem resposta cientifica.
Essa versão momentânea, sem nenhuma originalidade, foi difundida pela grosseira sabedoria de Trump, o líder do império,que causa atrativa admiração no deputado federal, filho do Presidente da república, e a esfuziante entrega, assim gratuita, do próprio presidente brasileiro, que sinalizou a submissão simbolicamente, batendo continência à bandeira estrangeira, quando a do Brasil não tremulava ao lado dela. Ainda, sem que lhe fosse pedido, e sem contrapartida, alinhou-se subalternamente aos interesses estratégicos norte-americanos.
Mas, a resposta cientifica está no estudo genético à imputação de irresponsável, que exclui a possibilidade de ser um vírus criado em laboratório. Assim foi a conclusão de pesquisadores dos Estados Unidos, Escócia e Austrália, segundo matéria veiculada no Jornal da USP, assinada por Julio Bernardes.
Essa noticia cientifica, que ensina, outra vez, aos nativos locais da contra -ciência, a solidariedade da pesquisa sem fronteiras, foi objeto de carta escrita para a revista Nature Medicine, dando conta de que tal surgimento deriva de “processos naturais de evolução dos seres vivos”.
O texto aponta “mutações no genoma do vírus que o tornam mais infeccioso em seres humanos e que surgem aleatoriamente durante sua replicação. Essas mudanças são imperfeitas o que torna improvável a hipótese de terem sido produzido pelo homem”. E para o professor Daniel Lahr, do Departamento de Zoologia do Instituto de Biociências (IB), “ao pesquisadores, ao analisarem as variações de todo genoma do vírus conseguiram determinar que o SARS Covid-2 é muito proximamente relacionado a um vírus já descrito em morcego”.
Vê-se, outra vez, que os boquirrotos de todos os matizes, que desejam falar em privatização de tudo, desmoralizar Universidades e órgãos públicos, seus professores, pesquisadores e servidores, recebem um tranco mundial, para que respeitem instituições, quaisquer delas, que possam precisar de reformas, o que é natural, já que a própria democracia é sempre inacabada, mas para isso não pensem em destruir um patrimônio acumulado, que só enriquecem, no caso das Universidades e órgãos públicos, avanços sucessivos desse trabalho silencioso, como é o dos pesquisadores, professores e gerações de universitários.
Se o fascismo espanhol vociferou, na Universidade de Salamanca, em 1936, o seu grito de guerra – “Abaixo a Inteligência! Viva a morte!” através do general Milan Astray, é justo que façamos, por justiça histórica, a sua inversão – “Viva a inteligência! Abaixo a morte!”, mas com o sobreaviso de que hoje querem nos convencer de que democracia e ditadura são uma única e mesma coisa, apesar da morte de milhões de soldados e civis que morreram sonhando com a democracia.
Cuidemos e façamos o nosso país, solidário, igualitário e justo, que ajudaremos o mundo.
* Advogado, procurador-geral do Estado aposentado