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A segurança é uma barra

FOTOS: J.F.PIMENTA

A cena geralmente registra­da por câmeras de segurança já está virando rotina em Ri­beirão Preto. De madrugada, um veículo estaciona de ré em frente a um estabelecimen­to comercial e após bandidos acelerarem mais de uma vez contra a porta e a arrebentam. Invadem o local para furtar tudo o que encontram pela frente. Regra geral, os veículos utilizados neste tipo de crime, são os mais antigos fabricados nas décadas dos anos 80 e 90, já que possuem a lataria mais re­sistente do que os atuais, o que facilita o arrombamento.

O crescimento deste tipo de delito fica visível nos nú­meros registrados pela Polícia. Somente em vinte dias foram registrados sete ataques em es­tabelecimentos comerciais da cidade. O mais recente foi no dia 5 de agosto em uma loja na rua Altino Arantes, no Jar­dim Sumaré quando os ladrões após arrobarem a porta de en­trada, pegaram um aparelho de TV e peças de roupas. Há qua­tro meses, o estabelecimento já havia sido vítima de um furto da mesma maneira.

Embora os ataques tenham como alvo principalmente lojas de roupas e telefones ce­lulares, outros segmentos co­merciais também estão sendo furtados. Este é o caso de uma oficina de bicicletas localizada na rua Javari, no bairro Ipiran­ga, zona Norte de Ribeirão. Na madrugada de 1 de agosto ela teve a porta arrombada após um carro em marcha à ré inva­dir o estabelecimento. O pre­juízo da oficina foi calculado em R$ 4 mil, com o furto de quatro bicicletas, fora os danos estruturais na imóvel.

Outra constatação da policia é que os furtos não estão restri­tos a uma região específica da ci­dade. Eles atingem desde zonas consideradas nobres, como o Boullevard, até a periferia e bair­ros, como Ipiranga e Quintino Facci II.

Além dos prejuízos para os comerciantes, os criminosos também têm causado dissabo­res para proprietários de veícu­los. Isso porque, os utilizados nos crimes foram furtados ou roubados na cidade. Na manhã de 31 de julho, o pedreiro José Francisco de Souza descobriu que o seu antigo e “velho” carro havia sido furtado e utilizado durante aquela madrugada para arrombar a porta de duas lojas, uma no Jardim Paulista e outra na avenida Saudade. O veículo estava estacionado em frente a casa dele, no bairro Jardim Maria Casagrande, e foi furta­do durante a madrugada. “Eu acordei por volta das seis horas e tive notícia de que o carro não estava mais na porta. Liguei para a polícia e eles fizeram o boletim de ocorrência. Demorou menos de uma hora e localizaram o ve­ículo abandonado”, afirmou na época o pedreiro. Ele utilizava o veículo para trabalhar.

Para evitar serem vítimas da chamada “gangue da marcha à ré”, muitos comerciantes estão colocando barras de ferro fixa­das no solo em frente às portas de suas lojas. A medida visa im­pedir que os bandidos consigam arrombá-las com os veículos.

Para o tenente coronel da reserva da Polícia Militar e con­sultor em segurança, Marco Au­rélio Gritti, os principais fatores para o aumento dos casos são a facilidade com que os ladrões conseguem arrombar as portas de aço, o fato deste tipo de ação ser muito rápida e que para re­alizarem os furtos os bandidos não precisam fazer nenhum tipo de investimento, já que os carros usados geralmente são produtos de furto. Ele também lista ainda a facilidade com que os crimi­nosos encontram receptadores para os objetos furtados.

Gritti destaca que uma medida preventiva eficiente é a colocação de obstáculos de concreto ou ferro em frente às lojas o que, com certeza, inibe a ação dos marginais. “Contudo, para aumentar o grau de dificuldade imposto aos marginais, seria impor­tante a instalação de sensores internos de presença, bem como o monitoramento por câmeras. O ideal seria que as imagens fossem monitoradas em tempo real pelo dono do estabelecimento para o rápido acionamento da Polícia Mili­tar”, explica. Um exemplo de locais onde, segundo ele, este tipo de crime não tem sido constatado com freqüência é a região central, provavelmente em razão da existência das câ­meras do programa “Olho de Águia da PM”.

Ele sugere ainda, que os comerciantes discutam a im­plantação do Programa Vi­zinhança Solidária em suas regiões, pois essa medida tem trazido ótimos resultados em termos de prevenção primá­ria e agilidade no acionamen­to da PM, via 190, diante de qualquer suspeição. Outro ponto importante é que seja feito o registro de Boletim de Ocorrência (BO) em todos os casos, pois é dessa forma que a Polícia Militar planeja e exe­cuta suas ações preventivas.

Sobre o fato deste tipo de ação não ser comum nas ci­dades da região, sobretudo naquelas localizadas num raio de até 100 quilômetros de Ri­beirão Preto, Gritti explica que isso se deve ao fato de que em cidades menores as áreas comerciais são mais centra­lizadas e concentradas, o que facilita a adoção de medidas eficazes de segurança e facilita o patrulhamento.

 

O tenente coronel da reserva da Polícia Militar e consultor em segurança, Marco Aurélio Gritti sugere que os comerciantes discutam a implantação do Programa Vizinhança Solidária

Comerciantes precisam participar dos Conselhos de Segurança
Existe uma justa preocupação dos comerciantes e cidadãos em geral sobre segurança, pois apesar da melhora de alguns indicadores, em especial o de homicídios, os números de criminalidade ainda estão acima do desejável, mesmo sabendo que hoje o estado de São Paulo lidera entre os mais seguros do Brasil.

Ao mesmo tempo em que entendemos que o Estado precisa fazer mais, em especial na elucidação e punição dos criminosos – pois é baixo o percentual de crimes resolvi­dos e com os criminosos punidos – também entendemos que a solução para melhorar a segurança pública depende de um trabalho conjunto do Estado (Polícia Militar, Polícia Civil, GCM e Justiça) e dos próprios empre­sários e moradores.

A Associação Comercial e Industrial de Ribeirão Preto criou e dirigiu por doze anos, em parceria com a Polícia Militar, o proje­to Olho de Águia. Desde o ano passado, a administração ficou sob responsabilidade da Prefeitura. Mas, mesmo não estando mais à frente do projeto, estamos cobrando que ele continue funcionando e seja ampliado.

Além disso, é importante aumentar o patrulhamento dos órgãos de segurança nos corredores comerciais de Ribeirão Preto e intensificar o trabalho de investigação da polícia. Incentivamos também que os comerciantes se unam, participem ativamen­te dos Consegs – Conselhos Comunitários de Segurança, e dos Grupos de Vizinhança Solidária – e usem as novas tecnologias.

No ano passado, a ACIRP assinou um convênio com o Governo do Estado para colocar em prática o Detecta. Nesse sistema, as imagens das câmeras de segurança dos comércios ficam em nuvem e podem ser utilizadas pela Polícia. Esse convênio está dependendo de validação final da Secretaria Estadual da Segurança e assim que isso ocorrer a ACIRP irá iniciar o trabalho junto aos seus associados.

Várias regiões da Cidade são exemplo da importância da união de empresários e moradores, como é o caso da City Ribeirão e do Boulevard onde a união dos empresários está sendo essencial para inibir os crimino­sos. Além da instalação de câmeras, foram criados grupos de Vizinhança Solidária pelo WhatsApp, que contam com centenas de pessoas. Qualquer atitude suspeita é avisada no grupo e a PM é acionada.

O investimento em segurança privada não é barato. Por isso, a ACIRP estará sem­pre cobrando a ação dos órgãos competen­tes e incentivando a participação de seus associados em projetos que inibem a ação de criminosos.

Dorival Balbino, presidente da Associação Comercial e Industrial de Ribeirão Preto (ACIRP)

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