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A riqueza do pastoreio

Esse governo que cantou a bandeira da anticorrupção, como se fosse a primeira vez que a tal sereia encantada enganasse o povo bra­sileiro, apresenta um figurino ocupante de muitos cargos, que traz postura, quando não do uniforme militar, uma e outro próximo da benção do pastor, cuja especialidade não é a propagação da fé, mas a arrecadação do dinheiro.

Se antes a arrecadação era o treino da colheita argentária, nos templos e através dos programas de rádio e televisão, agora, o volume individual torna-se gigantesco com a consciência de exigir dinheiro considerando a produção de riqueza do local.

Por exemplo, na região daquele prefeito subordinado à intemperan­ça religiosa do pastor abre-portas do Ministério da Educação, eis que esse especialista da colheita de dinheiro público exige um quilo de ouro.

O Ministério da Educação segue o reconhecimento das neces­sidades locais somente para deixar que a fome e a ganância de dois pastores se refestelem na torrente fétida da danada da corrupção.

A diferença entre essa corrupção e qualquer outra acontecida no Brasil é que essa depois de ter o bolso cheio, ou um pouco antes dis­so, o pastor pastoreia a possibilidade, ou o ato consumado, faz uma oração, pede para que todos ponham a mão na santa Bíblia, ficando tudo esclarecido à luz da bondade infinita do grande pai.

Se eticamente é grave apossar-se indevidamente do dinheiro público, o pastor ensina que, depois da consumação, o mais impor­tante é o arrependimento, qualquer que seja o destino do dinheiro. E já preparam o próximo golpe…

O Brasil atual que parece ter ficado imobilizado diante das artimanhas dos espertos em cargos públicos atuais, parece não ter se indignado com a destinação de trinta bilhões de reais ao orçamento secreto, para a compra indireta dos votos dos deputados, que desti­nam sua parte às suas ou às novas regiões de seus eleitores, desmon­tando qualquer possibilidade de atender-se de forma planejada os interesses reais da população brasileira.

Já houve o escândalo da vacina, não pelo reiterado desmentido presidencial de sua ineficiência, o que tangencia à criminalidade, mas pela descoberta daquele timinho civil e militar, que contou, sim, com aquele militar dos confins de Minas Gerais, que, na hora do expediente, estava em Brasília, arquitetando o grande golpe que a Comissão Parlamentar de Inquérito desventrou com o bisturi que lancetou a infecção do vírus malandro. Mas, não é só isso, lá estava o Pastor para abençoar o processo do assalto e o produto dele, com a exigência enérgica do arrependimento, para que o senhor do universo tudo perdoasse, deixando os meliantes com a consciência tranquila, para preparar novo golpe.

E o presidente aparece distante desse malfeito desventrado, fingindo que não é com ele, mas não pune ninguém. A roda gira e todos ficam nela.

E o andor da democracia passa pela turbulência ocasional, mas re­petida, para fazer com que acreditem que a morte dela possa favorecer o sonho de fazê-lo única e próspera e livre, para seu povo. O nazifascismo foi enterrado por nós, será que suportaremos a sua ressurreição?

Depois que o discurso da perversão foi de que a “ditadura é uma etapa da democracia”, sem que tenha havido uma insurgência verbal vigorosa, diante de tal disparate, o marchar do autoritarismo segue no zigue-zague da história, como se ela depois dele não mais cami­nhasse, ficasse na etapa do fim. Seria o seu fim.

Mas, o fantasma projetado pelo Tribunal Internacional alerta todo rebotalho governamental que as garras da lei podem conduzi-lo à soli­tária europeia para celebrar as mortes, as torturas e os sofrimentos que promoveu, como imperador de um só momento do tempo.

Não adianta a troca de delegados e a seguidas trocas dos promo­tores, que perseguem a descoberta do mandante, pois, o cadáver de Marielle Franco está insepulto, no imaginário do mundo.

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