O governador de São Paulo, João Doria, e seu secretário da educação, Rossieli Soares, escudados pela Fundação Lemann, insistem na decisão irresponsável de retomar as aulas presenciais em 7 de outubro. O adiamento por um mês não resolve problema algum e a retomada das aulas presenciais poderá agravar sobremaneira o quadro de dispersão e contaminação pela covid-19, ameaçando as crianças e jovens, mas também os profissionais da educação e as próprias famílias dos alunos(as). O “copia e cola” do prefeito Duarte Nogueira também traz preocupação neste momento aqui em Ribeirão.
Nosso país ultrapassou, na última sexta, feira o marco de 125 mil mortos pela pandemia, sendo mais de 31 mil somente no estado de São Paulo. Dos mais de 4 mihões de casos confirmados no Brasil, quase 900 mil ocorrem em nosso estado. Como pensar na volta das aulas presenciais neste contexto, sobretudo se considerarmos que as escolas públicas não possuem as mínimas condições para cumprir os protocolos de saúde?
Os exemplos que nos chegam de outros estados e mesmo de outros países são realmente preocupantes. No Amazonas, o retorno às aulas presenciais provocou novos contágios. Em Israel, na França e na Alemanha, as escolas voltaram a ser fechadas, tão grande foi o número de novos casos de contágio. A decisão política de retorno das aulas tem recebido o mais veemente repúdio da nossa população, mais de 70% contrária a esta medida, segundo pesquisas.
E as razões para denunciar como irresponsável esta decisão são inúmeras e vêm das próprias escolas. Na maioria delas, não há ventilação adequada e falta até papel higiênico nos banheiros. As salas de aulas são geralmente pequenas e não oferecem condições de isolamento entre os estudantes. Álcool em gel, máscaras e demais protocolos para a segurança sanitária? Nem há funcionários suficientes para cumprir estas tarefas. Este quadro não é diferente em Ribeirão Preto. E durante a pandemia, o governo Doria não tomou nenhuma providência para resolver esses problemas.
Não é possível aceitar que o governador e seu secretário de educação transfiram suas responsabilidades para as mães, pais, ou responsáveis, professores e professoras, fazendo pressão de todo tipo, sem nenhuma segurança sanitária. Que assumam sua responsabilidade como gestores e garantam, em primeiro lugar, o direito à vida. Este é primordial e vimos falando sobre isso aqui em nossos artigos desde o início da pandemia.
“O ano letivo pode ser recuperado, vidas não!”, alerta a Apeoesp, a entidade sindical dos professores públicos do estado de São Paulo. Concordamos integralmente. É muito fazer de conta querer cumprir um ano letivo já totalmente perdido. Há outras alternativas de recuperação da aprendizagem sem nos prendermos a calendários e a programas. Os anos letivos de 2020 e 2021 podem perfeitamente transcorrerem de forma concomitante no ano que vem.
Em atitude demagógica, o governador disse que o retorno às aulas também é uma preocupação relacionada à alimentação dos alunos. Nada mais falso! Já que durante todo o período da pandemia não foi garantido cestas básicas e um pagamento real para as necessidades da alimentação dos estudantes. Ao mesmo tempo que segue com mais de 35 mil professoras(es) temporárias(os) sem salários, que sequer são lembradas(os)nas coletivas do governador.
Assim, fica claro que o Doria impõe duas saídas: ou de que a classe trabalhadora e seus filhos se exponham à possibilidade de morrer pelo covid-19, ou que a população siga passando fome sem direito as cestas básicas, que deveriam ter sido fruto do investimento em merendas que não foram oferecidas nesse período. E, repito, ainda mantém professoras e professores sem salários.
A retomada das aulas sem a vacinação em massa de toda a população escolar é uma decisão irresponsável, intolerável, é admitir a normalização da morte e não a primazia da vida. Mais uma vez, agora de uma forma extrema e desumana, a cartilha política dos governos do PSDB impõe a supremacia do mercado sobre os direitos sociais e sobre o principal deles que é a vida.
Expressamos aqui todo o nosso apoio aos alunos e alunas, professoras e professores, suas famílias, enfim, a toda a comunidade escolar do nosso estado e de Ribeirão Preto contra mais este desatino do governador Frankenstein e de suas marionetes.