Feres Sabino *
advogadoferessabino.wordpress.com
A juventude, e um tempo depois dela, confere, às vezes, não só disfarçada rebeldia com que já foi ou é, como também se fixa em alguma ideia de rigor exagerado, que — deus me livre! — faz om que cometamos injustiças, desvendadas só com o passar do temo.
Assim foi comigo, quando sonegava reconhecer mérito a quem pudesse aqui ou ali se despontar como cumpridor de deveres, especialmente quando tratava de interesses coletivos.
Eu me dizia: Cumpriu o dever e pronto. Simplesmente assim.
Depois, aprendi que as pessoas, como todas as crianças, quaisquer que sejam, gostam não só de serem vistas, reconhecidas e especialmente aplaudidas naquilo que faz como uma realização pessoal, mesmo que fique em seu espaço íntimo ou privado, ou mesmo quando a vida a conduziu para um lugar de destaque, para cuidar de uma comunidade pequena ou grandiosa.
Assim, nessa altura da vida, provo ter apreendido já há muito tempo, a reconhecer o esforço vaidoso de quem organiza ou desenvolve uma entidade, uma associação, qualquer que seja sua finalidade.
O ato é que, por exemplo, numa Presidência de uma entidade, de uma associação ou academia, está lá a pessoa coordenando, junto com seus companheiros de direção, organizando palestras, deslocando-se para falar aqui ou acolá sobre a finalidade de seu trabalho, comemorando, celebrando, lutando para aprofundar no seio da comunidade a consciência da presença social da entidade.
Mais ainda. A organização da entidade agrega pessoas que não oferecem só ideias criativas ou críticas, mas se dispõem ao trabalho coletivo, com a virtude de todos realizarem tudo sem nenhuma compensação em dinheiro ou vantagem material; todos ali como que escrevendo, gravando na brisa da ternura seus nomes, que ficam nos livros do tempo, para anunciar permanentemente a sua passagem pela terra.
Ficam as poesias de seus autores, martelando à porta da sensibilidade de todos e muitos, as narrativas de seus historiadores ou de seus literatos, como um verdadeiro hino à vida, bendizendo o estar ali como testemunhas de um mundo em permanente mutação.
A responsabilidade de uma Direção é o auge para quem a cumpre com devoção. Se com o passar do dia esfria o fervor de quem lá esteve, a memória é capaz dessa justiça: reconhecer aquele momento de fervor e devoção deixados por quem lá esteve.
A Fernanda Ripamonte, professora, escritora, poeta, passou pela Presidência da Academia Ribeirão-pretana de Letras, acrescendo ao patrimônio histórico dela o que tantos a construíram, com um legado da presença feminina, criativa, realizadora, que inspirou a escrita desse texto que o faço em meu nome, do Sérgio Roxo da Fonseca e do Marcos Zeri Ferreira.
Agora é a vez de Elias Antônio Netto.
Fernanda, você soube fazer e fez bonito.
Obrigado e Parabéns.
* Procurador-geral do Estado no governo de André Franco Montoro e membro da Academia Ribeirãopretana de Letras