Rui Flávio Chúfalo Guião *
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Durante anos, houve discussões entre os historiadores locais a respeito da data da fundação da nossa cidade, finalmente determinada por uma comissão de professores da USP, contratada pela Câmara Municipal, a qual, através da lei 386,de 24 de novembro de 1954, fixou o dia 19 de junho de 1856 como a data de seu nascimento, considerando que, nesse dia, foi aprovada a doação, feita por fazendeiros locais, de uma área para o Patrimônio de São Sebastião.
Divergências à parte, todos os escritores reconhecem que, nessa data, ou em outras defendidas, já existiam casas em frente à esplanada que se tornaria futuramente a Praça XV de Novembro.
Um antigo mapa de 1874, talvez o primeiro a ser feito, mostra a esplanada com algumas ruas incipientes, testemunhando o local inaugural da cidade. Nele se destaca a primeira Igreja Matriz do povoado, erigida em 1868. A futura praça era um descampado.
Em 1888 surge a primeira tentativa de cercar e ajardinar a área, tornando-a um jardim para recreio da população, ideia que não prosperou. Em 1897, num dos cantos da esplanada é erigido o Teatro Carlos Gomes, fruto de doações de ricos cafeicultores.
Mas o formato que caracteriza a Praça XV de Novembro só surgiria em 1905, quando fecha-se o perímetro da área e seus portões abrem-se para o chamado Jardim Dr. Loyola( prefeito interino e autor da ideia ), símbolo da modernidade urbana que tomava conta da cidade, então a maior produtora de café do país.
No mesmo ano, é derrubada a velha Igreja Matriz, cujas torres haviam colapsado.
Em 1920, durante o governo do Prefeito João Rodrigues Guião, iniciam-se obras de valorização do centro, com a substituição do calçamento de pedra britada por paralelepípedos, a retirada dos trilhos de bonde da rua Duque de Caxias e a reforma da Praça XV, que passa a contar com desenho inspirado nos jardins franceses e ingleses, criando-se caminhos e alamedas.
Ainda durante sua gestão, é aprovado o Código de Posturas do Município, determinando critérios para fachadas, pé direito alto, jardins e gradis, o que dispara uma modernização dos prédios ao redor da praça e nas ruas adjacentes. Surge, em 1920, o palacete Camilo de Mattos, recém restaurado e em 1932 a residência de D. Sinhá Junqueira, hoje transformada na biblioteca que leva seu nome.
Nos anos 1930, o Prefeito Joaquim Camilo de Mattos autoriza nova atualização da praça: demole-se o velho coreto pintado de verde e amarelo, erige-se a fonte luminosa, no lugar da velha Matriz e inaugura-se o Monumento ao Soldado Constitucionalista (para mim o mais bonito da cidade).
Ainda no final do ciclo do café, a Companhia Cervejaria Paulista decide construir o Quarteirão Paulista, com o Edifício Meira Júnior, o Theatro Pedro II e o Hotel Palace, hoje Centro Cultural de mesmo nome e que caracteriza a esplanada de um dos lados da Praça XV.
Em 1939, por iniciativa da Associação Comercial e Industrial de Ribeirão Preto, é construído o relógio público, em frente ao teatro.
A Praça XV era e continua a ser o coração histórico e cultural de nossa cidade. Vários outros monumentos ornam suas alamedas: a João Alves Meira Júnior, idealizador do Quarteirão Paulista; a João Rodrigues Guião, que iniciou a modernização do centro; a Camilo de Mattos, que continuou a modernização da praça; a Francisco da Cunha Diniz Junqueira, que comandou a política local por vários anos; a Luiz Pereira Barreto, que contou ao mundo as benesses de nossa terra roxa; a Roberto Simonsen, grande líder da indústria nacional.
Nela ocorrem várias manifestações, talvez a mais importante a Feira Internacional do Livro. Visitá-la é reviver o passado histórico de nossa cidade.
* Advogado e empresário, é presidente do Conselho da Santa Emília Automóveis e Motos e secretário-geral da Academia Ribeirãopretana de Letras