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A pobreza

Dando continuidade à discussão sobre os três “P” que afetam o desenvolvimento humano, vamos abordar hoje o tema “Pobreza”.

Iniciemos perguntando: o que é pobreza? O termo sempre está relacionado com a incapacidade de se atingir níveis mínimos de con­dições de vida. A pobreza pode ser absoluta ou relativa, sendo a primei­ra indicada por um nível consistentemente baixo ao longo do tempo. Uma alta porcentagem de pessoas com ingestão calórica diária abaixo de 2.000 kcal é indicadora de pobreza absoluta de um país ou região.

O Banco Mundial considera pobreza extrema viver com um po­der de compra inferior a 1 dólar norte-americano por dia; pobreza moderada é viver com poder de compra entre US$ 1 a US$ 2. Sob esse critério estima-se que em nível mundial cerca de 1 bilhão e 100 milhões de pessoas estariam em pobreza extrema e dois bilhões e setecentos milhões estariam em pobreza moderada.

Distribuição: A riqueza do mundo está heterogeneamente distri­buída, existindo países mais ricos e mais pobres. No entanto, é preciso levar em conta que muitos países pobres mantêm bolsões de riquezas, geralmente seus chefes políticos ou militares, enquanto muitos países ricos apresentam bolsões de pobreza, com populações miseráveis.

Índice de Desenvolvimento Humano (IDH): Tem como objetivo classificar os países pelo seu grau de desenvolvimento. Lançado em 1990 pelos economistas Sen e Ul Haq o índice passou a ser utiliza­do desde 1993 pela ONU em seu relatório anual do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD). Por esse Índice os países são classificados em desenvolvidos, em desenvolvimento e sub­desenvolvidos. Os dados utilizados na definição do IDH são: expectati­va de vida ao nascer, educação e PIB (Produto Interno Bruto) per capita.

Indicadores de pobreza: Um deles é a esperança de vida, que após a segunda guerra mundial aumentou muito nos países em desenvolvimento. Na África subsaariana, apesar do aumento do per­centual de pobreza, a esperança de vida passou de 30 para 50 anos, diminuindo para 47 anos mais recentemente, em função da pande­mia de AIDS. Certamente a Pandemia de covid-19 trará relevantes modificações neste indicador.

A mortalidade infantil, também um marcador, diminuiu em todas as regiões. A ingestão média diária de calorias abaixo de 2.200 era de 56% em 1960 e caiu para abaixo de 10% em 1990.

Já a literacia, ou seja, a condição de ser letrado, aumentou de 52% em 1950 para 81% em 1999, principalmente às custas do setor feminino da população mundial. O trabalho infantil, medido por meio da porcentagem de crianças fora da força de trabalho, subiu de 76% (em 1960) para 90% (em 2.000).

Percentual de países pobres: Em 1990 as populações de 28% dos países do mundo viviam em extrema pobreza. Em 2001 essa porcentagem caiu para 21%, graças principalmente à redução da pobreza em países da Ásia Oriental e do sul da Ásia. No entanto, no sul da África a pobreza aumentou.

Indicadores de desigualdade: são muito utilizados nos estudos sobre a pobreza. O mais conhecido é o Coeficiente de Gini, criado pelo estatístico italiano Corrado Gini é usado principalmente para medir a desigualdade na distribuição de rendas. Varia de 0 (com­pleta igualdade de rendimento) a 1 (completa desigualdade. Por exemplo: uma pessoa recebe tudo e todos os outros nada recebem). O coeficiente multiplicado por 100 constitui Índice de Gini.

Consequências da pobreza: A pobreza determina uma série de conseqüências e entre elas as mais comuns são fome, falta de sanea­mento básico e de água potável, aumento na incidência de doenças carenciais e infecto-contagiosas, falta de oportunidades de emprego, discriminação social, baixa esperança de vida, grupos sociais vio­lentos e/ou drogados, falta de moradia fixa ou ausência de moradia (moradores de rua), falta de fixação no mesmo espaço ou cidade e dificuldades econômicas.

O saudoso Prof. Adib Jatene em suas conferências costumava dizer: “… o maior problema do pobre não é ser pobre, mas é que seus amigos também são pobres.”

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