No Brasil a luta por uma educação básica pública e de qualidade para todos é uma luta de décadas, sempre foi à bandeira dos grandes teóricos da educação, principalmente os brasileiros, mas não encontrou guarida nos planejamentos pedagógicos, que sempre estiveram mais preocupados com o rigor burocrático,com preenchimentos de documentos e papéis que se acumulam produzindo muito ensino, e pouco aprendizado, e com isso aquele brilho inicial que os educandos chegam às escolas vão minguando, e chegam ao fim do ensino fundamental quase sem energias, e como no ensino médio nada de novo acontece, o resto das energias se esvai, e sair do barco para a maioria é a solução.
A atual pandemia pegou os sistemas educacionais brasileiros de calças curta, pois acostumados a não cumprir as legislações, sempre fincados no tradicionalismo e na escamoteação, mantendo o velho em detrimento do novo, e este sistema carcomido, engole os sonhos da maioria dos professores, que sem saber o porquê acabam resistindo às inovações pedagógicas, que não são novas – começaram a se materializar com o movimento da Escola Nova de 1932, e que no século 21 finalmente encontraram espaços nas escolas inovadoras, mas estas experiências não chegam para eles.
Mesmo com a Constituição garantindo a participação do Estado, das famílias e da sociedade na educação, aqui em Ribeirão Preto, um artigo do Estatuto do Magistério Municipal, afrontou o artigo 205 e 206 da Constituição, proibindo a participação das comunidades do entorno das escolas, inclusive dos avós, e como este assunto era do interesse do coronel, que comandava a educação municipal, os diretores (as) cumpriam religiosamente o estabelecido. Foi preciso uma ação junto ao Ministério Público Estadual, para acabar com essa excrecência, e estabelecer a lei.
Mas não há mal que sempre dure um dia acaba. Como diz o ditado: “nada como um dia após o outro”, e ao que parece um vírus de proporção mundial, talvez nos mostre novos caminhos, onde a participação de todos na educação seja uma máxima. De repente, mesmo de maneira precária, e a distância, a interação entre família e escola começou a acontecer, e temos que aproveitar este momento para, e esquecer os ataques feitos durante muito tempo, onde professores culpavam as famílias, e as famílias culpavam a escola e os professores, os tempos são outros, portanto as velhas rusgas têm que se superadas, pois o compartilhamento das decisões só beneficiará os educandos.
A educação tem que ser na cidadania, e isso pressupõe que a educação formal e informal estejam amalgamadas numa só, não existe mais no século 21, a dicotomia que a educação vem de casa, e que a escola só transfere conhecimento isso não cabe mais. É urgente e imprescindível que a escola deixe de ser um local de confinamento de crianças, que são condenadas ao serviço militar obrigatório a partir dos seis anos, as escolas têm que ser um local de felicidade, pois a felicidade não está no amanhã – está no aqui e agora.
A escola precisa trabalhar com cinco valores essenciais para o desenvolvimento da cidadania, são eles: Afetividade, Honestidade, Respeito, Responsabilidade e Solidariedade, palavras que devem ser vistas em todos os lugares da escola, acabar com o formato de salas de aulas do século 19, com um olhando a nuca do outro se faz urgente. A autonomia das escolas e de seus conselhos, junto com uma gestão democrática, vai resolver os problemas de aprendizagem dos educandos, sem a preocupação com a rigidez dos 200 dias e das 800 horas, que sempre foi uma escamoteação para enganar os incautos.