Além da devastação das vidas perdidas, a pandemia de Covid-19 está demonstrando a necessidade de o País ampliar, fortalecer e valorizar o serviço público e os seus servidores e empregados públicos, sem os quais não será possível elaborar políticas públicas para enfrentar a fase mais ameaçadora da doença e superar os impactos socioeconômicos da crise sanitária.
Sem um serviço público amplo, gratuito e de qualidade, não só a maioria da população ficará desamparada, como também será impossível a recolocação da sociedade nos trilhos do desenvolvimento. A solução para o enfrentamento concreto da pandemia e dos seus efeitos futuros exige uma profunda mudança na forma de pensar o papel do Estado e dos serviços públicos.
Na pandemia, foi possível identificar aqueles que propagam, através das fake news, as mais fantasiosas teses conspiratórias pelas redes sociais, negando a gravidade da doença, a importância do uso de máscaras, do isolamento social e até mesmo das vacinas.
Encontramos alguns que acham que a vacina carrega um chip microscópico capaz de permitir aos chineses monitorar as vidas de todos aqueles que forem imunizados com seus princípios ativos. Identificamos outros que acreditam que a humanidade pode voltar a cultivar alimentos através de métodos ancestrais e também aqueles que ainda acham que a Terra é plana.
Depois da pandemia, somente os fanáticos, que se apegam aos dogmas em prejuízo da ciência, ou os oportunistas, que têm interesse particulares em privatizações e terceirizações, serão capazes de negar a importância do serviço público e dos servidores e empregados públicos. Na verdade, as profundas carências socioeconômicas de todos os brasileiros, evidenciadas de forma dramática pela pandemia da Covid-19, exigem uma eficiente cooperação entre um serviço público forte e valorizado e a iniciativa privada, em prol do bem comum, como ocorreu, e ocorre, em todos os países que estão conseguindo enfrentar a doença e remover os desafios no caminho do desenvolvimento duradouro e sustentável.
A realidade tem demonstrado que além da ampliação e valorização do serviço público, é urgente a retomada de medidas efetivas para enaltecer – além dos discursos – o papel do servidor e empregado público. Persistir no “negacionismo” sobre o papel do serviço público e a importância dos seus trabalhadores é negar a importância da saúde, da educação, da assistência social, da cultura, do esporte, da habitação, da segurança, da água, da infraestrutura, do planejamento, da mobilidade, da urbanização.
A pandemia mostrou – e infelizmente ainda mostra – que ao invés de termos servidores e empregados públicos demais, como alguns antes diziam, temos no serviço público trabalhadores de menos. Conhecimento em políticas públicas, experiência com situações de crise, confiança da população: são ingredientes que só o serviço público pode oferecer.