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A paixão por comprar aparelhos de som

Por Daniel Silveira

O produtor rural Sebastian Nuñez, 45, é apaixonado por música. Depois de gastar muito com aparelhos de som, decidiu investir em apenas um e melhorou sua experiência otimizando seu sistema: colocou duas caixas distantes 3 metros entre si e, quando vai escutar música, fica numa posição formando um triângulo equilátero, sendo ele uma das pontas e as caixas as outras duas.

Também amante de música, o roteirista Ulisses Oliveira, 48, prefere se chamar de entusiasta em vez de audiófilo. O sistema montado por ele custa em torno de R$ 30 mil, todos equipamentos usados, alguns deles com 40 anos. “Valeu muito a pena, mas quem quiser se meter nesse universo tem de estar disposto a gastar”, diz.

Os preços costumam variar muito porque, apesar da eletrônica básica dos equipamentos serem quase as mesmas de 70 ou 80 anos atrás, a tecnologia deu upgrade nas possibilidades. Apesar disso, o consultor de áudio e acústica Fernando Alvim Richard, 63, explica que, “para usufruir bem um equipamento de som, o segredo é a acústica”. “Vai ser melhor, por exemplo, num quarto do que na sala, pelo fato de ter uma cama, armário com porta que dê para abrir”, afirma. Essas coisas ajudam o som a não refletir pelo ambiente, deixando o que chega aos ouvidos mais próximo do que sai das caixas.

“Só com um ambiente acusticamente bem-tratado dá para pensar em gastar com um bom equipamento”, continua. Para Fernando, a tecnologia ajudou a transformar, principalmente, a forma como as pessoas escutam música, sendo cada vez mais comum equipamentos inteligentes. Mudou também a fonte sonora que, em grande parte dos casos, é um smartphone ou outro dispositivo digital.

NA CABEÇA. É aqui que entra outro queridinho dos dispositivos: fones de ouvido. Da mesma forma que algumas pessoas investem em sistemas de som, outras preferem fones, como o youtuber e empresário Leonardo Drummond, 31, que tem 15. “Na adolescência, saía por aí com um iPod e um fone mediano; quando completei 18 anos, comecei a investir.” Passou a testar fones e fazer revisões no Orkut e agora se divide entre os reviews no YouTube e uma startup de fones de ouvido que ele criou, a Kuba Audio. A experiência o ajudou a entender que não é o preço que diz qual fone é melhor.

A ideia é compartilhada pelo redator Vitor Valeri, 28, que tem sete fones em casa. “Você não precisa gastar mil reais para ter uma boa qualidade de som no fone”, afirma. Comprar e testar fones se tornou um hobby para ele desde que adquiriu um modelo importado e conseguiu escutar alguns sons que antes não conseguia.

Nos últimos anos, o mercado de áudio deu um salto. Segundo a The Business Research Company, empresa de pesquisa de mercados, o consumo de equipamentos de áudio deve crescer de US$ 24,59 bilhões em 2020 para US$ 28,54 bilhões em 2021. A demanda por dispositivos de áudio sem fio cresce devido à mudança no comportamento no consumo e à popularidade de dispositivos móveis, diz o relatório.

De acordo com Leonardo, os avanços são mais nesse sentido. “Em termos de qualidade sonora e de reprodução não existiram avanços tão grandes e não vejo isso no futuro próximo. Existe, sim, nas partes técnicas de cancelamento de barulho ou bluetooth”, opina. Já Vitor acredita que a tecnologia influenciou as novas gerações de fones de ouvido a ganharem cabos removíveis, formatos customizados. Para ele, “a China popularizou a tecnologia dos fones profissionais” e garantiu acesso a alguns produtos mais baratos de boa qualidade.

ESCOLHA. Como escolher bem o fone? Para Leonardo, o primeiro passo é definir o que você quer. “Para ouvir música em casa, o melhor seria um headphone com fio; na rua, um modelo wireless; e para jogar, um headset com microfone”, diz. Em um segundo momento, avaliar o quanto está disposto a gastar. O terceiro passo e, talvez o mais importante, é “olhar para o mercado e buscar avaliações”. Essa última dica é compartilhada por Vitor, que afirma sempre colher opinião em comunidades e grupos. “Até hoje, minha maior fonte de informação vem de fóruns, onde rolam todas as novidades – fora isso, vejo vídeos no YouTube e acompanho as redes sociais das marcas”, conta. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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