Em outro artigo denominado “Síntese do desenvolvimento”: Porque algumas nações se desenvolveram e outras não, faço considerações sobre os três fundamentos sob quais se explicam o desenvolvimento ou a ausência dele em um país, que são; os processos históricos, aspectos culturais e os eventos políticos.
Para destoar da maioria, vamos hoje falar sobre a “Origem dos problemas políticos de nosso país”. Para tanto vamos rebuscar alguns destes fundamentos que citamos para entendermos nosso momento atual.
Um processo histórico importante na construção do Brasil se refere à forma como surgiu o país, nosso país como todos sabem foi colonizado em regime de exploração pelos portugueses entre 1533 à 1822, regime aliás que também contou a prática de escravidão inicialmente com povos os nativos e posteriormente com africanos.
Devido a este projeto elaborado com fins exclusivamente exploratórios, logo se investiu pouco em infraestrutura; construção de portos, estradas, ferrovias, hidrovias, também não foram construídas universidades. Não se investiu nesses equipamentos públicos, pois a ideia dos colonizadores não era ficar, e tampouco gerar desenvolvimento local, o objetivo era conquistar riqueza pessoal e desenvolver a metrópole portuguesa.
Desta forma ausências destes equipamentos por sua vez fizeram muita diferença no desenvolvimento do país após sua independência que ocorreu em setembro de 1822. Não apenas o Brasil, mas todas as nações que foram colonizadas em regime de exploração levaram de 50 a 100 anos para começar a se desenvolver, devido justamente a ausência de infraestrutura.
Após citarmos este processo histórico vamos entender os aspectos culturais gerados por este, o primeiro aspecto cultural que pesa sobre a sociedade brasileira é o do caráter de exploração, mesmo com a proclamação da República em novembro de 1889 o regime continuou sendo o de exploração, agora exercida pelas oligarquias e elites locais que se estabeleceram no Brasil republicano. Em suma se manteve a mesma estrutura social onde os camponeses, os trabalhadores das cidades, os indígenas e os afro-brasileiros não eram participantes do progresso econômico, pois se pagava quanto queria pela força de trabalho o patronato da época.
Os mais humildes também não tinham acesso às universidades, pois a democratização do ensino superior no Brasil só começou a acontecer de forma democrática no início deste século XXI. Costumamos dizer que a República Velha (1889-1930) era o país dos coronéis.
O regime de exploração e a exclusão social por sua vez gerou outro aspecto cultural muito nocivo para o nosso país, “a cultura de corrupção”. Em nações de estrutura escravagista e exploratória a corrupção se dissemina muito rápido e abrange todo escopo social, ou seja, em todos os ambientes da sociedade esse aspecto cultural é muito perceptível.
Como uma tentativa de acabar com o regime de exploração foi criada em maio 1943 a CLT (Consolidação de Leis do Trabalho). Essa lei foi sancionada pelo ex- Presidente Getúlio Dorneles Vargas. A CLT por sua vez foi criada para atender as reivindicações de organizações de trabalhadores e de correntes progressistas da sociedade.
A partir desse ato começou então uma luta de bastidores das correntes políticas conservadoras para retomar o poder. Essa intenção perdurou por muito tempo, mais precisamente por 21 anos. De 1943 a 1964 o país foi governado por alguns políticos de viés progressistas e trabalhistas; Vargas, Juscelino Kubistchek e João Goulart (Jango).