Uma maneira de pensar sobre enriquecimento cognitivo é perguntar às pessoas o que elas acreditam ser verdadeiro sobre envelhecimento e quais as possibilidades de minimizar efeitos negativos como a demência. É bem conhecido que ser idoso é frequentemente associado a estereótipos sociais negativos, incluindo adjetivos como senil, esquecido, confuso, inflexível etc. Adultos de todas as idades associam explicitamente envelhecimento com declínio cognitivo. Um exemplo? Inúmeros levantamentos mostram que indivíduos de todas as idades acreditam que a capacidade mnemônica deteriora-se substancialmente após os 40 anos de idade. Ademais, há uma boa evidência revelando que indivíduos de meia idade experienciam ansiedade acerca de envelhecer ou de contrair a doença de Alzheimer porque receiam as potenciais conseqüências negativas do envelhecimento, incluindo incapacidade física, declínio cognitivo e morte.
Um achado clássico em gerontologia, que reflete tais atitudes, é que os indivíduos percebem a si mesmos serem mais jovens do que sua real idade cronológica. Atitudes que rejeitam os estereótipos de envelhecimento dominante por enfermidade ou por incapacidade como irrelevantes a si próprios podem ser críticos para um envelhecimento eficientemente auto-regulado e bem-sucedido. Inversamente, quando os estereótipos negativos de envelhecimento são ativados em contexto de desempenho cognitivo, o desempenho dos idosos pode sofrer devido à ameaça do estereótipo, talvez devido às interferências que a ansiedade produz.
O que é menos reconhecido é que há, também, estereótipos positivos sobre o envelhecimento. Alguns estudos sobre isso revelaram que adultos mantém protótipos de envelhecimento bem-sucedido, tais como, engajar-se em trabalhos voluntários que podem influenciar positivamente as motivações de um idoso. Estudos mostraram que indivíduos solicitados a escalonar a idade em que diferentes atributos começam a mudar, variaram suas estimativas amplamente dependendo do atributo. Idosos são frequentemente percebidos como sendo experientes, sábios e eruditos, de forma que concomitante à visão dos cientistas, adultos nas sociedades ocidentais tendem a ver os idosos como tendo preservados alguns aspectos da cognição associados a experiência e conhecimento, mas, também, como sendo prováveis em declinar em outros aspectos da cognição como a memória.
Um tema interessante é verificar se houve grande mudança nas atitudes em relação ao funcionamento cognitivo dos idosos na era moderna. Há cinqüenta anos, o estereótipo ocidental predominante de um idoso era o da incapacidade cognitiva, ou seja, da senilidade. Hoje, atitudes sobre envelhecimento, ainda que frequentemente negativas, têm sido temperadas pela crença de que o declínio pode não ser universal, nem inevitável. Uma razão para esta mudança? Instituições públicas e associações variadas de idosos estarem persuadindo com sucesso o público em geral de que a demência é uma doença que ocorre para alguns, e não todos, os idosos. Ademais, nossa sociedade é agora mais ágil para adotar a perspectiva “Use-o ou perca-o”, incentivando a não acomodação pela idade. Outros dados sugerem, também, que idosos têm internalizada a hipótese de use-o ou perca-o por ela ser relevante para eles. Indagados como controlam a perda da memória, muitos idosos mencionam o uso de estratégias de contenção e similares. Outros, mais idosos que estes, mencionam estimulação cognitiva, acreditando que esta pode prevenir o declínio advindo com a idade.
De modo geral, o que se constata, portanto, é que, do ponto de vista dos idosos, manter um funcionamento cognitivo eficiente é desejável simplesmente porque ele promete enriquecer a qualidade do inverno da vida.