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A neurociência do Treinamento Cerebral (4)

Treinamento cerebral ainda é um tópico bastante contro­verso nos estudos cognitivos. Os efeitos são frequentemente limitados às tarefas treinadas, sendo pequenos os efeitos proximais e distrais para tarefas não treinadas, ou medidas da vida cotidiana, quando não ocorre de não serem agregados. Por sua vez, tanto pesquisadores quanto outros profissionais que tentam melhorar as ferramentas cerebrais têm procurado desenvolver ferramentas computadorizadas visando amenizar deficiências cognitivas através de treino e prática extensiva. Estes treinos podem induzir mudanças cerebrais através da neuroplasticidade, frequentemente definida como mudanças neurais estruturais e funcionais em resposta à estimulação ambiental e à experiência.

Os domínios cognitivos que são tipicamente endereçados incluem memória de trabalho, atenção, funções executivas, habilidade de raciocínio e velocidade de processamento de informação. Os programas de treinamento cerebral estão sendo usados nos ambientes escolares, em populações com desordens evolutivas, como atenção, déficit de hiperatividade ou dificuldade de aprendizagem; em desordens psiquiátricas, como esquizofrenia; em pacientes com lesões cerebrais após AVC ou lesão na cabeça; e em adultos com dificuldades cog­nitivas subjetivas ou com prejuízos cognitivos de moderados a muito severos ou com Alzheimer.

Duas revisões sistemáticas, considerando vários estudos experimentais com variedade saudável de participantes, mos­traram que há efeito do treinamento cognitivo quando este é aplicado. Porém, este se centra nas tarefas treinadas, sem se generalizarem para outras tarefas não treinadas ou de com­plexidade mais elevada. Logo, revelando-se limitado e com pouca evidência de efeitos duradouros. Importante mencio­nar que, para uma intervenção terapêutica possa ser conside­rada clinicamente significativa, é necessário que habilidades e comportamentos desenvolvidos no tratamento se transfiram para tarefas não tratadas e para arranjos sustentáveis pós-tra­tamento.

Nestes casos, o treinamento cerebral tem sido extensiva­mente usado em programas de reabilitação; todavia, os resul­tados de anos de pesquisa sobre a eficácia dos mesmos têm sido desapontadores. Em outras palavras, embora pacientes que se engajaram em tais treinamentos tenham melhorado nas tarefas treinadas, os efeitos da intervenção não se ge­neralizam para tarefas não treinadas no mesmo domínio cognitivo, nem se transferem para tarefas cotidianas. Conse­quentemente, pesquisadores moveram-se para a ideia de que a abordagem do treinamento cognitivo possa ser entendida apenas como reparadora ou como estratégia compensatória.

Conclui-se, então, que o treinamento cerebral parece sur­tir efeito, sim, mas para tarefas treinadas, sem confirmação de efeitos de generalização para tarefas não treinadas e similares. Também, sem durabilidade para tais, retornando o cérebro ao nível de desempenho anterior.

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