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A mais terrível das hienas

É de todos conhecido um vídeo publicado em suas redes sociais pelo capitão Jair no mês passado, se comparando a um leão atacado por hienas. Estas são identificadas como diversas entidades e movi­mentos que ele imagina serem seus inimigos. E cita expressamente o STF, a ONU, a imprensa, o PT e até o seu próprio partido, o PSL. Mas o capitão não imaginava que, poucos dias depois, iria aparecer uma hiena mais terrível. Refiro-me à denúncia veiculada no Fantástico de que um dos matadores da vereadora Marielle Franco e seu motorista Anderson Gomes procurava pela casa do presidente na noite do crime.

O caso se transformou em um imbróglio de que o presidente e sua familícia tentam se safar de todas as formas. Afirmações e desmenti­dos expuseram a triste realidade de que o Estado brasileiro está sob o comando de gente da pior espécie. A Polícia Civil e o MP do Rio apuraram que Élcio Queiroz, acusado de atirar em Marielle e que já está preso, esteve no condomínio Vivendas da Barra e comunicou ao porteiro que iria até a casa 58, onde mora o presidente. Alguém da casa, que o porteiro identificou como o “senhor Jair”, autorizou a sua entrada, mas Élcio se dirigiu diretamente à casa de Ronnie Lessa, outro suspeito que mora no mesmo condomínio e que também está preso.

Naquele dia, Bolsonaro estava na Câmara dos Deputados em Brasília. Mas a simples citação do nome do presidente torna obriga­tório que STF analise o caso. Veio uma sucessão de outros crimes. Bolsonaro cometeu crimes de responsabilidade ao pegar as grava­ções da portaria de seu condomínio no Rio de Janeiro “antes que fossem adulteradas”, ao ordenar que o Ministro da Justiça, Sérgio Moro, agisse para protegê-lo, ao atacar os delegados que cuidam das investigações do assassinato de Marielle e Anderson, ao ameaçar não renovar a concessão de televisão da Rede Globo e cancelar as assinaturas do jornal Folha de S.Paulo.

Parlamentares da oposição entraram com uma notícia-crime no STF contra o presidente e o ministro Sérgio Moro. A demanda apon­ta possível obstrução de justiça na investigação sobre o assassinato da vereadora Marielle e seu motorista. A petição pondera que “no final de semana veio a público informação, confessada pelo próprio presidente publicamente, de que ele e seu filho Carlos se apropria­ram de toda a memória da secretaria eletrônica da portaria do condomínio nos últimos dez anos, sob a justificativa – como se eles fossem o Poder Judiciário ou o Ministério Público – de assegurar que as ‘provas’ não seriam manipuladas”. Isso é obstrução de Justiça.

Outra petição levada ao STF, assinada pela advogada Flávia Pinheiro Fróes, argumenta que o presidente, ao ordenar que Moro tomasse medidas para protegê-lo nas investigações da morte de Marielle e Anderson, praticou delitos contra a probidade na admi­nistração pública. A saber: “expedir ordens ou fazer requisição de forma contrária às disposições expressas da Constituição”, “infringir no provimento dos cargos públicos, as normas legais” e “proceder de modo incompatível com a dignidade, a honra e o decoro do cargo”, previstos, respectivamente, nos incisos 4, 5 e 7 do artigo 9º da Lei de Crimes de Responsabilidade (Lei 1.079/1950).

Quando sugeriu que o governador do Rio, Wilson Witzel, está ma­nipulando as apurações do homicídio da parlamentar e seu motorista para tentar incriminá-lo e disse que o delegado que conduz o caso é “amiguinho” do governador, Bolsonaro cometeu os delitos previstos nos incisos 4, 6 (“usar de violência ou ameaça contra funcionário público para coagi-lo a proceder ilegalmente, bem como utilizar-se de suborno ou de qualquer outra forma de corrupção para o mesmo fim”) e 7 do artigo 9º da Lei de Crimes de Responsabilidade, sustenta a advogada. Mesmo que Bolsonaro e sua familícia nada tenham a ver diretamente com o assassinato de Marielle e Anderson, sua relação próxima, historicamente conhecida com bandidos altamente peri­gosos, traz uma profunda vergonha estampada no rosto de todos os brasileiros. Esta relação já era conhecida desde antes da campanha. E todos foram avisados. Parabéns aos envolvidos!

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