Neste domingo, 27 de outubro, quando der entrada no centro cirúrgico de um grande hospital de Ribeirão Preto para passar por uma cirurgia de retirada do útero, ureter e da bexiga, a consultora de vendas, Gilza Aparecida Gonçalves Olioti, 37 anos, estará dando um passo importante em sua luta pela vida.
Em maio do ano passado, poucos meses após se casar com o também consultor de vendas, Júlio Cesar Olioti, 32 anos, Gilza, grávida de dezessete semanas, descobriu que tinha um tumor no colo do útero com seis centímetros de diâmetro.
Na época, os médicos que a atendiam pelo Sistema Único de Saúde (SUS) recomendaram que, no caso especifico dela, a solução recomendada e permitida por lei, seria a interrupção da gravidez, para a retirada do tumor. Isso porque, Gilza corria grande risco de morrer e não seria possível esperar para iniciar o tratamento após o nascimento da criança.
Entretanto, ela decidiu não interromper a gestação e optou por iniciar o tratamento com quimioterapia mesmo grávida e correndo risco de morte, tanto dela como do feto. Também havia a possibilidade, caso a criança nascesse, de apresentar alguma seqüela como, por exemplo, cegueira ou a falta de algum membro.
O tratamento foi emocionalmente e fisicamente doloroso para o casal. Foram quatro ciclos de quimioterapia semanais, mas no dia 11 de setembro de 2018, quando ela estava com 31 semanas de gestação, a equipe médica decidiu fazer uma cesárea e trazer ao mundo a pequena Maria Júlia, a Majú. A menina nasceu com 1,425 kg perfeita e sem nenhuma seqüela.
O parto, entretanto, não significou o fim da luta de Gilza e algumas semanas depois ela iniciou um tratamento de radioterapia. Foram vinte e oito sessões, além de quatro sessões de braquiterapia, feitas para necrosar o tumor.
Foi nesta época que descobriu que a doença tinha progredido e atingido o ureter e a bexiga. O ureter é uma espécie de canal que faz parte do aparelho urinário e tem como função transportar a urina dos rins para a bexiga.
“Foi ai que os médicos falaram que não dava pra fazer cirurgia e que o tumor era incurável. A única coisa que podíamos fazer era a quimioterapia paliativa”, relembra Gilza. Este tipo de quimioterapia é feita para controlar o tumor e não deixá-lo crescer. O que significa que é permanente e realizada até o organismo do paciente agüentar.
Depois de algumas sessões e não sentindo nenhuma melhora, ela decidiu parar. Como sentia fortes dores, vivia deitada e não podia sequer dar o carinho que desejava para sua filha. Optou por viver o tempo de vida que lhe restava dedicando-se integralmente ao marido e a filha.
Como ficou muito debilitada após interromper o tratamento, no inicio de setembro, um grupo de amigas resolveu encaminhá-la para um oncologista na cidade de Barretos. Após novos exames do útero e da bexiga e analisar detalhadamente o quadro clínico da paciente, o médico, segundo Gilza, disse que uma cirurgia para a retirada do tumor, do útero e da bexiga, seria possível e que poderia lhe curar. Mas, que o procedimento teria que ser feito rapidamente e que não daria para esperar numa fila de espera de um hospital beneficente,
Com uma renda mensal de cerca de R$ 2,5 mil, o casal que reside no bairro Manoel Penna, região leste de Ribeirão Preto, pouco poderia fazer para pagar os custos de uma cirurgia particular, orçada em R$ 100 mil.
Foi então que novamente o grupo de amigos do casal decidiu fazer uma vaquinha virtual para tentar arrecadar os recursos necessários. Para surpresa geral em menos de quinze dias eles conseguiram o dinheiro.
“Não tenho como agradecer a generosidade das pessoas e tenho fé em Deus que tudo dará certo”, diz Gilza que é evangélica e garante estar buscando forças em Deus para vencer esta batalha.
O dinheiro arrecadado será utilizado para pagar o Hospital em Ribeirão Preto, o médico que fará a cirurgia e acompanha Gilza desde então, a equipe de profissionais que participará do procedimento, além da internação e os medicamentos pós-cirurgia.
Para garantir transparência os organizadores da vaquinha virtual informarão todos doadores – via on-line e com comprovantes – onde e como estão sendo utilizados os recursos recebidos. A cirurgia deverá ter oito horas de duração e Gilza será internada as sete horas da manhã deste domingo.