Tribuna Ribeirão
Cultura

A limpeza do ‘Gota D’Água’

O lustre de cristal “Gota D’Água”, da artista nipo-brasi­leira Tomie Ohtake, instalado na cúpula do Theatro Pedro II, passará por limpeza a partir das nove horas desta terça-feira, 30 de janeiro, encerrando assim o mês de manutenção do espaço cultural. A obra de arte tem 2,70 metros e altura por 2,20 de lar­gura, pesa cerca de 1,4 tonelada, tem 26 lâminas de vidro e 80 lâmpadas especiais. O teatro fica na rua Álvares Cabral nº 370, no Quarteirão Paulista, centro His­tórico de Ribeirão Preto.

Descer a estrutura de mais de uma tonelada do teto ao chão costumava ser trabalho para seis funcionários. Eles movimentavam o objeto com ajuda de um cabo de aço. Em 2014 a Fundação Dom Pedro II investiu R$ 40 mil em uma talha elétrica para “baixar” o lustre. Mesmo assim, para a limpeza e manutenção da obra é preciso todo o cuida­do e uma operação que leva cerca de três dias, desde a re­tirada, limpeza e os restauros necessários até voltar para o teto. Antes, as 80 lâmpadas que compõem a cúpula são testadas e trocadas.

O objeto de 1.400 quilos é um dos símbolos da reinau­guração do Theatro Pedro II, em 19 de junho de 1996, após ficar 16 anos fechado devido a um incêndio em julho de 1980. Mariana Jábali, presidente da Fundação Dom Pedro II, des­taca a importância de manter preservado esse patrimônio histórico de Ribeirão Preto.

“É muito gratificante saber que estamos contribuindo para sua preservação do Theatro com a limpeza e manutenção do lustre concebido pela Tomie, im­portante artista que trouxe uma linguagem contemporânea para este patrimônio. Essa limpeza simboliza que o Theatro está pronto para o início da tempo­rada”, afirma Mariana Jábali.

O mês de janeiro, por não ter apresentações, é dedicado para a realização de limpeza, manuten­ção e reparos em todo o Theatro Pedro II, tombado como Patri­mônio Cultural pelo Conselho de Defesa do Patrimônio His­tórico Artístico, Arqueológico e Turístico do Estado de São Paulo (Condephaat), para possa ser preservado e manter todas as suas características.

Os serviços realizados são a limpeza de todo o prédio, as­piração e calafetação do palco, reparos das varas de ilumina­ção, varas cênicas, trocas de lâmpadas do equipamento de iluminação, serviços de mar­cenaria, restauração de pintura e boca de cena, manutenção hidráulica, revisão do sistema elétrico, entre outros serviços.

Lustre de cristal
Desenhado pela artista To­mie Ohtake, o lustre de cristal “Gota D’Água” é coberto por uma cúpula de gesso estrutu­ral, com a fixação de lâmpadas especiais que fazem suas luzes passarem por entre os recortes, criando um efeito escultural e único. Com 1,4 mil quilos, tem 2,7 metros de altura por 2,2 me­tros de largura e possui mais de 80 lâmpadas.

O Theatro Pedro II vai com­pletar 88 anos em 8 de outubro. Mantido pela Fundação Dom Pedro II, é um dos principais do Brasil, o terceiro maior de ópera do país. Em junho, o governador Geraldo Alckmin (PSDB) esteve em Ribeirão Preto para assinar a “escritura” que finalizou o proces­so de doação do prédio histórico ao município, que já tinha a per­missão para uso do espaço. É o palco principal da Orquestra Sin­fônica de Ribeirão Preto (Osrp)

O teatro foi construído entre 1928 e 1930 a pedido do advoga­do João Alves Meira Júnior, um dos fundadores da Cia. Cerve­jaria Paulista. O projeto foi ela­borado pelo arquiteto Hippolyto Gustavo Pujol Júnior, e a parte estrutural da construção coube à empresa alemã Kemmitz. Em 15 de julho de 1980, um incêndio destruiu a cobertura, o forro do palco e grande parte do interior, incluindo-se o teto.

A reconstrução só teve iní­cio mais de dez anos depois, em 1991, liderada pela construtora Jábali Aude. A reinauguração aconteceu em 1996. Durante cinco décadas, foi a principal referência cultural da cidade e centro de acontecimentos políticos e sociais, recebendo grandes companhias teatrais e operísticas do exterior.

Na década de 1960, o prédio passou por reforma que o des­caracterizou. Vários elementos decorativos foram destruídos, a plateia foi reduzida e placas de madeira encobriram camaro­tes, frisas e galerias laterais para transformá-lo em cinema. Os sinais da decadência levaram o teatro a mudar de proprietários.

A Companhia Cervejaria Antarctica adquiriu a Compa­nhia Cervejaria Paulista, antiga proprietária. Entre as décadas de 1950 e 70, o subsolo do teatro foi transformado em salão de bailes de carnaval. Fora do período car­navalesco, era transformado em sala de jogos. O local ficou conhe­cido como “Caverna do Diabo”.

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