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A insistente insegurança rural

Um dos principais entraves do setor produtivo rural é a falta de tranquilidade gerada pela insegurança jurídica reinante que angustia quem mora ou trabalha no campo. É indispensável, portanto, que o novo Congresso, o qual espe­ramos seja razoavelmente renovado e devidamente arejado por novas lideranças, ideias e ações mais compatíveis com os legítimos anseios da nação, promova e estimule os verdadei­ros princípios do direito e da liberdade democrática.

A falta de respeito ao direito de propriedade, que tem por consequência a não criminalização das invasões das propriedades rurais, mercê de um legado legislativo retrogrado e umbilical­mente ligado à ideologia socialista ultrapassada, traz preocupa­ções a quem deveria se preocupar em produzir alimentos para um mundo cada vez mais faminto e carente.

Além do que, a onda de furtos e roubos que vitima o segmen­to rural, com inusitada insistência, fruto da incompetência do Estado em cumprir o seu papel de oferecer segurança aos seus cidadãos, sejam eles das cidades ou dos campos, torna-se assunto indispensável da plataforma política dos que pretendem represen­tar a sociedade brasileira. Não é mais possível se tolerar a omissão política em tão relevante questão!

A defesa do meio ambiente é um dever de todo cidadão cons­ciente; entretanto, muito mais do que isso, é preciso se oferecer defesa ao direito à vida de quem mais precisa e defende a nature­za que é, sem dúvida, o homem do campo.

O setor do agronegócio como um todo tem dado seguidas mostras de suas potencialidades, em excelentes resultados nos campos social e econômico do país. Inobstante, para que per­maneça esse quadro de progresso e desenvolvimento no meio rural é preciso que haja paz e tranquilidade para se produzir e viver condignamente.

Diversas são as condicionantes da produção agropecuária. Todas, entretanto, podem e devem ser tratadas e enfrentadas pelos integrantes do agronegócio, com obstinação, perseverança e inteligência. Ingredientes como o crédito agrícola devem ser objeto de especial atenção dos novos congressistas e governantes, tendo em vista os altos custos impostos aos mutuários por falta de uma maior competição das instituições e mercado financeiro.

Ao poder público compete a oferta de meios e financiamentos para montagem de uma infra-estrutura necessária, como arma­zéns para estocagem de produtos, livrando da especulação e da malandragem os que produzem alimentos.

Muitas outras dificuldades são enfrentadas no cotidiano dos produtores. Nenhuma delas, porém, é mais cruciante e difícil do que a falta de segurança jurídica e policial.

A insegurança traz a instabilidade e a imprevisibilidade num ambiente de quase ilegalidade pela omissão do Estado. Embora os números atuais do agronegócio sejam positivos e alvissareiros, como podem os produtores e empreendedores rurais continu­arem empregando esforços e capitais em uma atividade de alto risco sem a contrapartida da segurança?

Veja-se, por exemplo, o que fez o Supremo Tribunal Fede­ral (STF) com a cobrança do Funrural. Primeiro, ele a declara inconstitucional em sentença por unanimidade de seus mem­bros no ano 2010. Depois, no ano passado, adota outra postura e sentencia, por 6 votos a 5, a constitucionalidade da cobrança e promove verdadeira confusão no meio rural, com o surgimento de bilionário passivo para os produtores.

Como conviver com isto?

Ou o país, através de seus representantes políticos, cria um ambiente de tranqüulidade e paz para se produzir com a devida e indispensável segurança ou, proximamente, estaremos bem per­tos da improdutividade e da fome.

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