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A importância do voto parlamentar

A divisão e o equilíbrio dos poderes no regime demo­crático, definido por Charles Montesquieu no século 18, parte da premissa de que seja um regime tripartite, e que haja autonomia e respeito entre os poderes, e quan­do um dos poderes se mostrar excessivamente autoritá­rio ou extrapolar suas designações, os demais poderes se mobilizaram para colocar as coisas novamente nos trilhos. Acontece que no Brasil essa divisão entre os poderes não é tripartite.

Os poderes foram criados para serem autônomos e independentes, no entanto no Brasil a imiscuição entre o Legislativo e o Executivo, que acontece nos três níveis de poder cria um ambiente propício para corrupção e o desmando. Nem as eleições realizadas a cada dois anos conseguem mostrar para a maioria da população o ma­lefício deste sistema. O voto que o eleitor deposita no executivo tem um peso exponencialmente superior ao voto depositado no legislativo, o eleitor transfere ao executivo todas as suas esperanças, achando que finalmente as suas agruras terão um fim, já o voto parlamentar é aquele voto que o eleitor troca por favores pessoais.

A função principal do poder legislativo é propor leis e fiscalizar como o poder executivo materializa o orçamento, isso deveria ser o trivial, mas a realidade é dissonante. A política é uma arte, e a maioria dos parlamentares brasilei­ros nos três níveis são grandes interpretes – alguns até ga­nhariam o Oscar por suas brilhantes atuações como atores principais e coadjuvantes, enquanto isso a população po­bre que os elegeu passam perrengues diariamente à espera de uma vida melhor. Não valorizar o voto parlamentar é a causa do atraso que o Brasil experimenta há décadas.

O conhecimento liberta, mas a politicanalha que impe­ra, e sempre imperou, não permite que a população pobre se liberte da ignorância, pois assim fica fácil a dominação – somos um País rico, no entanto a maioria dos brasileiros vive na miséria. Apesar da miséria que vive uma parcela significativa da população brasileira temos um dos legisla­tivos mais caros do mundo, só o Congresso Nacional custa cerca de 15 bilhões ao ano. E essa dinheirama toda fica nas mãos de apenas 594 parlamentares, isso torna a cidade de Brasília uma das mais ricas do Brasil, mas essa riqueza toda fica confinada no entorno da Praça dos Três Poderes, pois a miséria é a companheira dileta das cidades satélites.

Há um ditado popular que diz: “fazer cortesia com o chapéu alheio”, e é isso que os senhores deputados e sena­dores fazem com as emendas parlamentares. O artigo 1º da nossa Carta Magna, no seu paragrafo único determina que: “Todo o poder emana do povo, que o exerce por meio de representantes eleitos ou diretamente, nos termos desta Constituição”, acontece que a conjunção alternativa (ou), não é levada em conta pelos senhores parlamentares, pois só ouvem o clamor popular em ano eleitoral, mas não é para atender a demanda da população – é apenas mais um ato teatral que se desfaz com o fim da peça.

O resultado da votação na Câmara dos deputados em primeiro turno da chamada PEC do calote mostra que não há a mínima preocupação com a miséria que vive a popu­lação pobre no Brasil, a única preocupação são as eleições do ano que vem. É hora de a população valorizar o voto parlamentar, e dar um basta nesta situação.

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