Valdir Avelino *
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Nesta semana, os trabalhadores da Sabesp, os metroviários e os ferroviários da CPTM cruzaram os braços exigindo a suspensão do programa de privatizações do governo paulista. Como essa greve é parte da luta em defesa das empresas públicas, evidentemente o nosso Sindicato apoia a mobilização e a luta dos trabalhadores que enfrentam um governo obstinado em fazer caixa e um mercado financeiro que sempre apoia a onda privatista.
O governador paulista pretende privatizar tudo, sem ouvir a sociedade e sem dialogar com os trabalhadores. O que busca, em essência, é agressivamente promover a ampla privatização dos serviços mais básicos, sem levar em conta as implicações nos direitos humanos ou as consequências para os mais pobres.
À luz da nova tendência mundial, a privatização da água e dos serviços de transportes no estado mais rico do país não se sustenta. A própria ONU já admitiu que as privatizações descontroladas eliminam proteções sociais no mundo todo. A ampla privatização de bens públicos está, sistematicamente, eliminando proteções de direitos humanos e marginalizando ainda mais aqueles que já vivem na pobreza.
Embora os governantes privatistas apresentem a entrega de empresas públicas para grupos privados como uma solução técnica para gerenciamento de recursos e redução de déficits fiscais, na verdade estão colocando em prática uma ideologia de governança que desvaloriza bens, anseios, direitos, espaços públicos e uma série de outros valores que são essenciais para uma sociedade justa e democrática. A privatização forçada de serviços essenciais fere o estado democrático de direito na medida em que, ao invés de poupar dinheiro, aumentar a eficiência e melhorar os serviços, acaba esbanjando recursos públicos, diminuindo a eficiência, piorando os serviços e ainda tornando-os mais caros.
A privatização prioriza lucros e coloca de lado considerações como igualdade e não discriminação. A população, de detentora de direito de empresas públicas, é transformada em cliente de grupos econômicos com a privatização. Os mais pobres, necessitados ou em situações problemáticas são marginalizados e excluídos. A privatização de serviços essenciais não inclui qualquer monitoramento real e contínuo de seus impactos em fornecimento de serviços.
A água é vida e o transporte público é um serviço essencial, do qual dependem, diariamente, centenas de milhares de trabalhadores. Privatizar os serviços de água e o transporte público nunca será a solução. A experiência dos brasileiros, acumulada ao longo dos anos, é que os serviços públicos privatizados se tornaram mais caros, sem qualquer ganho em eficiência ou qualidade. A privatização só é negócio para as empresas e para os governos ruins que privatizam. Contra as privatizações anunciadas pelo governo do estado de São Paulo, todo o nosso apoio à greve dos trabalhadores da Sabesp, do metrô e da CPTM.
* Presidente do Sindicato dos Servidores Municipais de Ribeirão Preto, Guatapará e Pradópolis