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A festa é nossa

As necessárias medidas de isolamento social impedem a realização de festas, assim não foi possível cortar bolos, cantar parabéns e celebrar efusivamente dois aniversários impor­tantíssimos para nossa cultura. Primeiro o Jubileu de Pérola da Casa do Poeta e do Escritor de Ribeirão Preto – CPERP, depois o Jubileu de Porcelana da União dos Escritores In­dependentes de Ribeirão Preto – UEI. Expoentes da cultura local, ambas têm muito em comum, inclusive a mesma casa, a Amor – Associação dos Militares e Oficias da Reserva, locali­zada na Rua Liberdade, n° 182.

No último dia 22 de abril a CPERP completou 30 anos. Nascida da iniciativa de três poetas idealistas, então sócios da Amor: Capitão Rl Dr. Luiz de Oliveira Passos; Capitão Rl Dr. Othiniel Fabelino de Souza (Poeta Oefe Souza) e o professor e trovador Nilton Manoel de Andrade Teixeira, conforme seus estatutos foi fundada para se constituir em mais um espaço cultural, para receber, sem qualquer tipo de discriminação e sem qualquer ônus financeiro, todos aqueles que, possuidores de talento para as letras, notadamente poesias, possam ali desenvolver e exibir seus talentos.

Atualmente presidida por Maris Ester Souza, a entidade tem como lema “cor unum et anima uma” (um só coração e uma só alma). Talvez esse seja o segredo de sua profícua lon­gevidade, pois consegue unir corações e almas de diferentes idades, honrando um de seus objetivos estatutários, o incen­tivo a todas as iniciativas originadas dos poderes público ou particulares, dirigidas no sentido da promoção e aprimora­mento cultural.

Irmã caçula, a UEI foi fundada em 1º de maio de 2000 e, segundo um dos seus idealizadores, João Nery, era uma tarde de outonoonde, apesar da chuva fina, um grupo de jovens poetas locais se juntava para exaltar a mais elevada das artes, a poesia. Aquele encontro memorável era fruto das oficinas literárias promovidas no Projeto Grandes Empresas na Literatura, desenvolvido nos três últimos anos da década de 1990, pela Secretaria de Cultura de Ribeirão Preto, com a coordenação da poeta, historiadora e ativista cultural Cristia­ne Bezerra.

A entidade presidida por Helena Agostinho atua inten­sivamente revelando novos talentos, organizando saraus e publicando antologias. Ações como o Varal Cultural e a Poesia na Bandeja aproximam os escritores do grande público democratizando o acesso à cultura.

Atualmente as duas instituições estão realizando Saraus Li­terários Virtuais onde além da integração, resgatam a memória dos escritores que já partiram, mas deixaram abastoso legado cultural. Na quarentena a produção literária continua intensa e brevemente teremos vários lançamentos. Aliás, seus integrantes possuem inúmeras obras publicadas e no momento histórico que a humanidade atravessa, é necessário recordar a citação de Olavo Bilac, patrono da UEI: “Os livros não matam a fome, não suprimem a miséria, não acabam com as desigualdades e com as injustiças do mundo, mas consolam as almas, e fazem-nos sonhar”.
Os sonhos de alguns escritores possibilitaram que no­vas gerações também sonhassem. A mescla de sonhos tornou­-se realidade fecunda, presente nas escolas, praças, bibliotecas, livrarias e espaços culturais em geral.

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