Em 2004 a prefeitura de Ribeirão Preto, o Ministério Público Estadual (MPE) e a Universidade de São Paulo (USP) assinaram um protocolo de intenções para a implantação do Parque Pedreira Santa Luzia, ou Parque da Pedreira da USP, como também é conhecido. Era uma antiga reivindicação dos moradores da região. Mas a intenção ficou só no papel. De lá para cá pouco foi feito e até hoje moradores reivindicam o parque e denunciam com frequência o abandono da área.
O local, que abrigou no passado a Pedreira Santa Luzia e foi desativada, fica na Zona Oeste de Ribeirão Preto, próximo ao campus da USP. A área é de aproximadamente 140 mil metros quadrados. Em 2001, a Câmara de Vereadores de Ribeirão Preto promulgou uma lei complementar que transformou o local em “área de interesse especial e ecológico”.
Diante dos problemas resultantes do abandono e da falta de projetos, há cerca de duas décadas, os moradores criaram um grupo, o Movimento Popular pela Implantação do Parque da Pedreira de Santa Luzia. Cada passo da luta é registrado nas redes sociais, em uma fanpage do Facebook.
Rachel Fogaça Machado, uma das representantes do Movimento, lembra que a maior conquista do grupo foi a implantação de uma praça na parte alta da pedreira, na rua Albert Einstein, com cerca de 10 mil metros quadrados.
“Embora essa [área] represente apenas 10% do total do parque, que compreende mais ou menos 140 mil metros quadrados, sempre foi motivo de comemoração porque o local é utilizado para caminhadas e algumas práticas de exercícios. Está sendo bem cuidado pela vizinhança que cotiza os custos para a manutenção”, explica. “Lembrando que essa praça aconteceu por conta de uma compensação ambiental”, acrescenta.
A compensação referida foi em 2014 e feita por uma empresa da cidade. “Uma frustração é que a espera pelo Parque como um todo continua”, alerta Fogaça.
O objetivo principal do Movimento, segundo ela, continua sendo a implantação do parque em sua plenitude. “Estamos trabalhando no sentido de continuar mostrando a importância de abrir essa área para a população que está carente de locais mais agradáveis para passear com suas famílias. É fato que vivemos em uma cidade com temperaturas muito elevadas e que oferece poucas opções de lazer”, ressalta.
Denúncia
O leque de denúncias do Movimento foi ampliado recentemente, após a abertura de uma rua que liga as ruas Curupaiti e Coronel Camisão. “Com isso árvores foram derrubadas e com as chuvas intensas de janeiro, um muro que separava o final da rua com o início do terreno do parque caiu, deixando evidente o descaso com aquela área”, detalha Fogaça.
No início de fevereiro, Rachel Fogaça encaminhou uma representação ao MPE e ao Grupo de Atuação Especial de Defesa do Meio Ambiente (Gaema), com cópias à prefeitura, Câmara de Vereadores, Conselho Municipal de Defesa do Meio Ambiente (CONDEMA) e prefeitura do Campus da USP, entre outros órgãos.
Além de contar a história de luta do Movimento, Fogaça ressalta na representação danos causados pela abertura da rua.
“O resultado se apresenta extremamente danoso, as águas das chuvas mudaram o curso e a distribuição ficou bastante alterada, afetando em cheio a estrutura da área, isso para ficar apenas na questão recente que chamou a atenção nos noticiários… Assim, esperamos que o bom senso prevaleça, que solucionem a questão do esgoto e reconsiderem a abertura desse trecho, uma experiência mal sucedida que tantos prejuízos já causou e continua causando aos moradores. Estamos insatisfeitos! Sentimo-nos discriminados, já que nossas reivindicações de quase duas décadas não são ao menos consideradas”, diz trecho do documento.
Em nota, a Coordenadoria de Comunicação Social (CCS) da prefeitura de Ribeirão Preto informou que “a situação da erosão na rua Coronel Camisão já foi vistoriada pela Secretaria de Infraestrutura que fará uma ação conjunta com a Secretaria de Obras Públicas, devido à complexidade dos reparos necessários”. No entanto, a CCS não informou se há projetos para a Pedreira Santa Luzia.
A reportagem do Tribuna Ribeirão entrou em contato com a assessoria de imprensa do Ministério Público Estadual para saber se há inquéritos abertos no órgão referentes ao parque. Nossa reportagem também entrou em contato com a Universidade de São Paulo, por meio da assessoria de imprensa, prefeitura do Campus e Departamento de Engenharia da instituição, mas não obteve retorno ao questionamento se há projetos para a área do parque. Até o fechamento da matéria não obteve retorno de ambos.