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A era dos entregadores (motoboys)

1. Há 20 anos descobrimos a força dos caminhoneiros, que se organizaram e, pouco a pouco, resolveram parar o Brasil e nos mostraram como se negocia com o governo.

2. Depois, na Reforma Trabalhista de 2017 veio a “quebra” do predomínio sindical, que perdeu a arrecadação “compulsó­ria” e, hoje, fecharam suas sedes, porque não tem associados.

3. Agora, com a pandemia, a atividade produtiva foi arrasada, com os estabelecimentos comerciais baixando suas portas, dispensando os empregados.

4. Para as empresas que podem fazer vendas mediante en­trega (delivery) tornou-se uma nova prática para o comércio, o que socorre o caixa do negócio.

5. Nesta ordem dos acontecimentos, os trabalhadores de­sempregados proprietários de motocicletas resolveram partir para uma nova atividade, como entregadores de produtos (delivery) – lei da sobrevivência.

6. E foi assim que as ruas das grandes cidades estão toma­das por motoboys, que disputam os espaços com os auto­móveis e outros veículos como ambulâncias, polícias, numa corrida de verdadeiro risco de morte. Já observaram os novos sons das cidades? À noite é muito mais.

7. Já se sabe que nos últimos três meses aumentaram os acidentes (mutilações e mortes) com motociclistas.

8. A legislação de trânsito não foi elaborada prevendo este elevado número de motos nas ruas estreitas.

9. Semana passada São Paulo mostrou uma concentração de motoboys que, querendo fazer os seus protestos, resolve­ram suspender o seu trabalho. Afinal, todos possuem direito a protestar alguma coisa (como a falta de corredores espe­ciais, a exemplo dos reservados aos ônibus etc.).

10. Dá para imaginar que a atividade de entregador de mercadorias deve crescer, como trabalho autônomo – basta ter uma boa motocicleta e ser uma pessoa corajosa, que todos os dias faz sua oração ao se despedir da família.

11. Os caminhoneiros cresceram rapidamente, mesmo porque não há dúvida que se trata de uma categoria mais numerosa, que congrega outros interesses econômicos, mas deve servir de um simples balizamento.

12. Logo deve surgir uma organização especializada, que vai tentar ocupar o lugar dos antigos sindicatos (e que não sirva para copiar os velhos hábitos arrecadatórios, é claro).

13. Está evidente que esse já é um problema para o pós­-pandemia, que pode motivar os nossos administradores públicos (vereadores, deputados e outros), que certamente terão também outros afazeres, não menos importantes.

14. As regras do trânsito urbano podem ser aprimoradas em cada município, sem conflitar com as estaduais e federais. Nada mais lógico que em cada cidade cuide-se do que lhe seja próprio, que afete a sua gente.

15. O prefeito, no âmbito de sua competência e liderança, deve cuidar dessas questões locais, perseguindo o bem-es­tar de sua gente, sem ficar a espera de outras áreas do poder (apesar de ser um ano eleitoral).

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