Tribuna Ribeirão
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A educação libertadora nos salvará… 

… pois tudo esbarra na educação!

José Eugenio Kaça *
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A educação é a ferramenta primordial para que uma sociedade viva em plena harmonia, entretanto, para que a educação formal produza bons resultados contribuindo para a construção de uma cidadania sólida é preciso haver uma amalgamação com a educação informal. Acontece que a educação informal é forjada na realidade cotidiana, mas a segregação social faz com que essa educação jogue em campos diferentes, e com interesses distintos. A educação informal que acontece na chamada elite é uma educação segregadora, baseada na supremacia racial e social, já a educação informal que acontece na base da pirâmide é mais solidária, pois é alicerçada na luta pela sobrevivência, e a harmonia que deveria existir entre a educação formal e informal dentro da sociedade fica prejudicada, pois a elite não permite que a educação formal que produz o conhecimento cientifico, não seja compartilhada com a base preta e pobre, por uma simples questão de superioridade e preconceito.

As incongruências vividas por nossa sociedade têm como pano de fundo a educação formal e informal, pois tudo esbarra na educação. A educação básica libertadora e autônoma é o alicerce da cidadania, e essa educação acontece prioritariamente na escola pública, no entanto a dicotomia entre a educação pública e privada cria cidadãos com direitos relativos. A educação básica adestradora não permite a formação do caráter fundado na ética, e isso cria um cotidiano individualista, onde tudo passa a ser uma questão econômica, e a vida fica sempre em terceiro plano. Aquela educação libertadora e autônoma sonhada por grandes mestres foi atropelada por uma educação neoliberal, que transforma a vida cotidiana no individualismo, onde a solidariedade e o amor ao próximo não tem lugar. Os “acidentes” de trânsitos nos perímetros urbanos das médias e grandes cidades brasileiras viraram uma epidemia, e mais de noventa por cento destes “acidentes” são provocados pelo desrespeito às leis de trânsito. Isso demostra que temos um problema na formação da cidadania na educação básica.

Os casos de racismo e preconceito contra pretos e pobres se proliferaram pelo País em pleno século 21, mesmo havendo lei que pune com prisão o crime de não está racismo e o preconceito. Isso mostra que a educação não está cumprindo seu dever constitucional. O adestramento e o excesso de conteúdos, incentivam ao individualismo, as nossas crianças e adolescentes estão sendo induzidas a adorar o “deus” mercado. Até a segunda metade do século passado, os pretos e pobres eram tratados como não cidadãos, sem direitos a uma educação de qualidade, sem moradia digna, e ainda agradecer por poder viver na miséria. Havia uma música que exaltava a miséria como se fosse uma dádiva divina. “Barracão de zinco, sem telhado, sem pintura lá no morro, barracão é bangalô, lá não existe felicidade de aranha céu, pois quem vive lá no morro, já vive pertinho do céu” (Luiz Antonio/Oldemar Magalhães), e com isso o pobre se conformava com sua sina, como um designo de Deus.

O ser humano só sobreviveu as intemperes climáticas no inicio da sua jornada no Planeta Terra praticando a solidariedade, mas esta solidariedade foi se esvaindo, e com a evolução capitalismo se petrificou. Estamos vivendo uma epidemia de desumanidade, e a educação adestradora está aprofundando esta crise. O que aconteceu durante os Jogos Jurídicos Estadual em Americana, onde alunos de direitos da PUC – SP, praticaram atos racistas e preconceituosos contra alunos cotistas da USP, entoando um canto: “cotista e pobres” e outra falas racistas. Essa gente branca, racista se julga superior pela cor da pela e por ser rica, mostrando todo o seu mau caratismo. É preciso trazer para a educação básica, a educação libertadora como sendo o centro das discussões e tomadas de novas decisões, com a participação democrática de todos como manda a Constituição.

Afinal: Tudo esbarra na educação!

* Pedagogo, líder comunitário e ex-conselheiro da Educação 

 

 

 

 

 

 

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