O negligenciamento da educação básica sempre foi à meta perseguida por diversos governos ao longo da história brasileira. Tanto que o reflexo da casa grande e senzala são visíveis até hoje na educação, que deveria ser a redenção do País, mas continua sendo o fator de segregação social, colocando em patamares opostos ricos e pobres.
O desrespeito às instituições e aos direitos humanos e o fundamentalismo religioso que acontece atualmente está nos remetendo a Idade Média, mostrando a falta que faz uma educação libertadora, autônoma e calçada na cidadania que é a base de uma Nação.
A existência de uma educação formal disciplinadora, concentrada na autoridade dos professores, que tratava os alunos como seres desprovidos de conhecimentos, que não tinham condições de contribuírem no processo de ensino-aprendizagem marcou a história recente da educação, e os resultados se refletem no País que temos hoje.
Até a primeira metade do século passado os castigos físicos impostos aos educandos eram medievais – ficar ajoelhados nos graus de milho, e apanhar nas mãos com a palmatória eram coisas naturais que mantinham a autoridade do professor, e o pior de tudo é que atualmente tem professor que fala que o Estatuto da Criança e do Adolescente não permite que a família e a escola disciplinem os educandos.
No entanto chegamos ao século 21 e o mesmo modelo formal de educação construído no século 19, ainda prevalece na maioria das redes públicas, e nas escolas privadas de pequeno porte, onde a figura do professor continua sendo o único detentor do saber. Acontece que o século 21 trouxe uma nova dinâmica educacional, e um novo educando que já nasce um nativo digital, e com isso o conflito ficou inevitável.
Acontece que essa educação autônoma e libertadora sempre fez parte da pedagogia dos grandes pensadores que a educação brasileira produziu para o mundo: Paulo Freire, Anísio Teixeira, Carneiro Leão, Lourival Filho, Lauro de Oliveira Filho e outros, e essa pedagogia avançada e libertadora sempre foi considerada um perigo para o sistema tradicionalista e carcomido, que não aceita uma educação prazerosa e com significado para os educandos.
Mas as mudanças significativas na educação básica continuam esperando a sua vez. Na maioria das escolas públicas, ainda encontramos um ambiente carregado de energias negativas, onde a palavra amor e as práticas de gentilezas não encontram guarida. É urgente que haja desde a pré-escola (que agora são etapas), e no ensino fundamental, que haja uma preparação para um acolhimento no primeiro dia de cada ano letivo, e que este acolhimento tenha o envolvimento dos alunos dos anos anteriores, com atividades que envolvam os novos educandos, para que os mesmos sintam prazer e alegria de fazer parte deste ambiente acolhedor.
As crianças chegam à escola com um brilho nos olhos, e carregam luz própria, mas por conta do ambiente desfavorável vão perdendo o brilho com o passar dos anos. Chega de confinamento e do serviço militar obrigatório aos seis anos, pois a cidadania não se constrói com excessos de regras, que na maioria das vezes são inócuos – a educação básica precisa de luz. Vamos iluminar este ambiente!